Lima - A segurança alimentar deve ocupar um espaço maior em um novo acordo para combater o aquecimento global, que promova a produção orgânica no lugar das indústrias alimentícias emissoras de carbono, afirmaram nesta segunda-feira especialistas na cúpula do clima (COP20), em Lima.
"A segurança alimentar tem muito pouco espaço nas discussões da COP sobre mudanças climáticas", apesar de ser uma das mais afetadas pelo aquecimento global, disse Jethro Greene, coordenador-chefe da rede de agricultores do Caribe.
"É preciso promover e facilitar o acesso à alimentação orgânica. O sistema industrial é o que está criando o problema climático", destacou.
Os expositores coincidiram em que até há alguns anos, o tema a discutir era o impacto das mudanças climáticas na agricultura, mas agora a preocupação passou a ser mais social e abrange a segurança alimentar em geral, razão pela qual desperta maior interesse mesmo fora dos círculos especializados.
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"Estamos criando um novo marco global para lidar com as mudanças climáticas, a segurança alimentar e a pobreza, mas definitivamente todos devemos criar novos padrões localmente", disse Richard Choularton, chefe da Unidade de Mudanças Climáticas e Segurança Alimentar do Programa Mundial de Alimentos (WFP, na sigla em inglês).
"Os consumidores e os pequenos agricultores são parte essencial da solução à crise climática", disse Choularton.
O comportamento dos consumidores pode gerar mudanças no futuro, avaliaram os especialistas em um painel de segurança alimentar durante a COP20, que se celebra em Lima até 12 de dezembro.
Na busca por um novo acordo climático, "há uma grande oportunidade para que cada país promova um sistema sustentável entre seus consumidores e para que ajudem os pequenos agricultores a terem acesso a mercados onde obtenham ganhos", afirmou Julie Lennox, chefe da Unidade de Agricultura e Mudanças Climáticas da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CELAC).
A COP20 reúne 195 países que discutem em Lima formas de avançar para um novo pacto mundial com vistas a reduzir as emissões de carbono, causadoras do aquecimento global, um acordo que deve ser aprovado no fim de 2015 na nova conferência climática, em Paris.