Roma- O papa Francisco pediu nesta segunda-feira (8/12) à Virgem Maria que proteja Roma das "ameaças do maligno", depois de ser revelado na semana passada um complexo escândalo no qual está envolvida a prefeitura de Roma.
Em uma aparente referência a essas revelações, o sumo pontífice orou em público pela capital italiana por ocasião do dia da Imaculada Conceição, uma das festas mais importantes do calendário católico. O Papa aproveitou sua saída às ruas de Roma para abraçar calorosamente o prefeito Ignazio Marino, do Partido Democrático (centro-esquerda).
Francisco cumpriu com a tradição de depositar um ramo de flores ao pé da estátua da Virgem, na Praça da Espanha, em pleno centro de Roma. "Saber que sobre ti o mal não tem poder nos enche de esperança e de fortaleza na luta diária que devemos realizar contra as ameaças do maligno", afirmou o santo padre ante milhares de pessoas.
Os romanos descobriram na quarta-feira o poder de seu último "rei", Massimo Carminati, um ex-terrorista, neofascista e chefe da máfia local, detido por um gigantesco escândalo de corrupção envolvendo a prefeitura da cidade.
Carminati foi detido com outras 36 pessoas, acusado de ser o líder da "máfia romana", que segundo a promotoria operava a partir da prefeitura de Roma, com o apoio de políticos, dirigentes e empresários.
Entre os detidos estão personalidades políticas e diretores de empresas públicas acusados de estabelecer alianças para obter contratos milionários, fazer negócios com dinheiro público e administrar centros da prefeitura para imigrantes.
A justiça italiana investiga ainda a relação de Carminati, ex-dirigente da organização terrorista de extrema direita Núcleos Armados Revolucionários (muito ativa na década de 70), com o ex-prefeito Gianni Alemanni, outro líder da extrema direita durante a juventude.
Ao menos 100 pessoas estão sendo investigadas pelo desvio de milhões de euros de dinheiro público através do "capo" romano, entre elas Alemanni, ministro da Agricultura de 2001 a 2006, e prefeito da capital de 2008 a 2013.
Alemanni se declarou inocente e prometeu provar isso. "A prefeitura de Roma deve ser dissolvida", pediu o movimento Cinco Estrelas, enquanto reina o caos no Partido Democrático (PD, esquerda), que governa a cidade.