Jerusalém - O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, convocou nesta terça-feira eleições antecipadas após destituir dois ministros-chave de seu governo.
"Não tolerarei qualquer oposição em meu governo" declarou Netanyahu depois de afastar o ministro das Finanças, Yair Lapid, e a ministra da Justiça, Tzipi Livni, e anunciar que pedirá a dissolução do parlamento "o quanto antes possível".
"Nas últimas semanas, Lapid e Livni atacaram duramente o governo que dirijo", afirmou Netanyahu em um comunicado. "No estado atual das coisas, não posso dirigir o país".
Se conseguir uma maioria relativa, Netanyahu poderá formar um governo mais conservador mediante uma aliança com partidos nacionalistas e religiosos.
A Knesset, o parlamento israelense, começará nesta quarta-feira a examinar o projeto de lei de dissolução. O procedimento poderá terminar nesse mesmo dia ou na segunda-feira, segundo a rádio estatal.
Com esta dissolução, o governo se vê obrigado a cessar seu mandato de 3 anos antes do fim da legislatura.
Uma coalizão governamental mais conservadora afastará ainda mais a possibilidade de retomar as negociações de paz palestinas-israelenses, em ponto morto desde 2000.
Na segunda-feira, Netanayhu apresentou a Lapid cinco exigências para manter o atual governo, entre as quais a retirada do projeto de supressão do IVA sobre a compra de imóveis, o fim das críticas à colonização israelense em Jerusalém oriental e o apoio ao projeto de lei sobre o Estado judeu".
Lapid rejeitou o ultimato e acusou Netanyahu de "irresponsabilidade" ao convocar eleições desnecessárias.
Netanyahu foi primeiro-ministro em três ocasiões, e parte como favorito neste momento em caso de eleições.
"Os partidos de direita têm a maioria, segundo as pesquisas, o que significa que existem grandes possibilidades de que Netanyahu conserve seu posto", afirma o analista político Abraham Diskin.
O principal ponto de discórdia do governo Netanyahu foi seu controvertido projeto de lei para reforçar o caráter judeu do Estado, que vem criando tensões no país há semanas.
Uma vez votada a dissolução, a composição do governo não pode ser modificada. Com a destituição dos dois ministros moderados, Netanyahu tem em suas mãos um gabinete mais maleável, que permitirá a ele conduzir os assuntos correntes até as eleições.
Segundo a imprensa, a "guerra dos chefes" era entre Netanyahu e Lapid, que dirige o Yesh Atid, uma formação de centro-direita com o maior número de deputados (19) desde que o Likud conservador (18 cadeiras) se separou de Israel Beiteinu (13 deputados), a formação ultranacionalista do chefe da diplomacia, Avigdor Lieberman.
Segundo as pesquisas, o Likud de Netanyahu terá 23 cadeiras. Uma queda em relação a julho, em plena guerra de Gaza, quando as pequisas indicavam 31 vagas.
Para formar maioria, Netanyahu já contatou os partidos ultraortodoxos, atualmente na oposição.
O Lar Judeu, o partido nacionalista religioso e fervoroso da colonização, liderado pelo ministro da Economia, Naftali Bennett (12 deputados), será a formação que mais progredirá, segundo as projeções.
Igualmente Moshé Kahlon, ex-ministro e figura política muito popular no país, que criou um partido centrista que disputa o espaço política com Yesh Atid, poderá conseguir nove cadeiras.