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Novas decapitações cometidas pelo Estado Islâmico aterrorizam o mundo

Casa Branca confirmou a autenticidade do vídeo divulgado no domingo (16/11) e que mostra a cabeça do jovem refém americano de 26 anos depois de sua execução pelos jihadistas

Beirute - A decapitação do refém americano Peter Kassig e de 18 soldados sírios no fim de semana provocou repulsa em todo o mundo, e os países da coalizão tentavam nesta segunda-feira identificar os carrascos do grupo Estado Islâmico (EI).

A França foi um dos primeiros países a identificar um ou dois dos seus cidadãos entre os carrascos que aparecem no vídeo.

A gravação é a primeira divulgada pelo EI que mostra os rostos dos assassinos, às vezes em primeiro plano.

As imagens mostram homens jovens com barba, alguns com traços ocidentais, entre eles possivelmente um dinamarquês e um australiano.

O jornal britânico Daily Mail afirmou que um britânico de 20 anos está entre os carrascos, mas seu pai negou nesta segunda à BBC que o homem que aparece no vídeo seja Nasser Muthana, um estudante de Medicina de Gales. Segundo a rede britânica, Muthana havia aparecido em vídeos anteriores do EI.

Na gravação de domingo há outro britânico, chamado de "Jihadi John" pela imprensa britânica, com o rosto coberto e a cabeça de Peter Kassig aos seus pés.

Esse homem, que fala inglês com sotaque do subúrbio de Londres, é considerado o assassino de James Foley e de Steven Sotloff, dois jornalistas britânicos decapitados em meados de agosto junto com os voluntários britânicos Alan Henning e David Haines.

1.500 execuções na Síria



No final de setembro, cerca de 3.000 cidadãos europeus estavam lutando ao lado dos jihadistas, segundo o coordenador europeu para a luta contra o terrorismo, Gilles de Kerchove.

Junto com eles há combatentes vindos de outros países da Ásia e dos Estados Unidos, além daqueles do Oriente Médio e do norte da África.

De acordo com um membro do EI que afirma ter fugido da Síria, os combatentes estrangeiros são mais radicais do que os outros. "São os que participam da maioria das operações suicidas, os mais brutais com os civis", explicou ele à televisão norueguesa NRK.

Desde a proclamação de um "califado" em amplas faixas territoriais sob seu controle no Iraque e na Síria, no final de junho, o EI executou 1.429 pessoas apenas em solo sírio, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Cerca de 900 eram civis, entre eles 700 integrantes da tribo Chaitat, que ajuda no combate ao EI no leste do país, de acordo com a ONG.

O presidente americano, Barack Obama, condenou a execução de Peter Kassig como "um ato de pura maldade por parte de um grupo terrorista que o mundo considera, com razão, desumano".

As ações do grupo "não representam qualquer fé, e certamente não a fé muçulmana que Abdul Rahman havia adotado", acrescentou, citando o nome adotado por Peter Kassig depois de sua conversão ao Islã.

Os pais do refém disseram ter ficado "com o coração despedaçado" quando souberam que seu filho "havia perdido a vida por causa de seu amor pelo povo sírio e por seu desejo de aliviar seu sofrimento".

Peter Kassig, um ex-soldado mobilizado no Iraque, fundou em 2012 uma organização humanitária e foi sequestrado na Síria em 2013.

;Programa de terror;


Na Síria, o jornal pró-regime Al-Watan denunciou o "silêncio" dos países ocidentais e do mundo diante da decapitação de 18 soldados sírios e lamentou que se fale apenas do voluntário americano.

Mas vários líderes ocidentais condenaram essas execuções, que são "uma nova ilustração da determinação do EI de seguir adiante com seu programa de terror", de acordo com a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini.

A morte de Peter Kassig coincide com o anúncio de Obama feito há poucos dias de uma "nova etapa" na ofensiva contra o EI no Iraque com o envio de mais 1.500 conselheiros, que elevarão para 3.100 pessoas o contingente americano no país.

Embora os Estados Unidos e seus aliados descartem o envio de tropas terrestres no momento, aumentou a frequência de ataques aéreos, permitindo o avanço das forças iraquianas no norte do Iraque, onde tomaram a estratégica cidade de Baiji, entre outras.

A coalizão concentrou nesta região cinco dos 20 ataques realizados no Iraque desde sexta-feira, anunciou o Comando Central dos Estados Unidos (Centcom).

Segundo uma autoridade iraquiana, o próximo objetivo do Exército é tomar Tikrit do EI.