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Médico de Serra Leoa com vírus ebola morre em hospital dos Estados Unidos

Comunicado foi dado pelo hospital Nebraska Medical Center, onde ele estava internado após ser repatriado de Serra Leoa

Washington - O médico de Serra Leoa infectado com o vírus Ebola que estava em tratamento desde sábado nos Estados Unidos faleceu nesta segunda-feira (17/11), anunciou em um comunicado o Nebraska Medical Center, o hospital onde ele estava internado desde que foi trazido ao país, onde residia legalmente.

"Temos o imenso pesar de anunciar que o terceiro paciente que tratamos por Ebola, o doutor Martin Salia, faleceu devido a complicações da doença", indicou o estabelecimento em um comunicado, após revelar no domingo que o médico estava "gravemente doente".

O doutor Martin Salia, de 44 anos, que trabalhava no hospital Connaught em Freetown, foi o primeiro cidadão de Serra Leoa com Ebola a ser repatriado para os Estados Unidos, onde foram tratadas nove pessoas, a maioria depois de contrair a doença na África.

O Nebraska Medical Center, especialmente equipado para tratar pacientes infectados com o vírus, já havia tratado dois pacientes com Ebola que sobreviveram.

"O doutor Salia estava sofrendo sintomas avançados de Ebola quando chegou ao hospital neste sábado, o que incluiu insuficiências renal e respiratória", prosseguiu o centro médico em um comunicado.

O paciente, que estava com Ebola há 13 dias quando foi levado para os Estados Unidos no sábado, foi submetido a diálise e colocado em respirador artificial. Ele também tomou vários medicamentos, "em um esforço para ajudar o seu corpo a lutar contra a doença". Além disso, recebeu plasma de um sobrevivente do vírus e o tratamento farmacêutico experimental ZMapp.

Doze horas após chegar a Nebraska, ele sofreu insuficiência respiratória e sua pressão sanguínea despencou. Ele faleceu por volta das 04H00 locais (08H00 de Brasília) desta segunda-feira (17/11).

"Apesar dos esforços ;heroicos;, a doença estava em um estágio muito avançado e não conseguimos salvá-lo", lamentou o hospital, que convocou uma coletiva de imprensa ainda nesta segunda-feira (17/11).

"O dr. Salia estava em estado extremamente crítico quando chegou aqui e, infelizmente, apesar dos nossos esforços, não fomos capazes de salvá-lo", declarou o Dr. Phil Smith, diretor médico da unidade especializada.

"Usamos todos os tratamentos disponíveis para dar todas as chances de sobrevivência ao Dr. Salia", observou o Dr. Smith. "Como aprendemos, o tratamento precoce dos pacientes é essencial".

Segundo o jornal The Washington Post, quando Salia começou a apresentar os sintomas do Ebola em Serra Leoa, um dos exames que fez deu negativo. Um segundo exame, feito em 10 de novembro, deu positivo.



A esposa dele, Isatu, manifestou em um comunicado seu agradecimento pelos "esforços" da equipe médica. "No curto período de tempo que estivemos aqui, foi evidente quão carinhosos e caridosos foram todos (...). Achamos que estava no melhor lugar possível", concluiu.

Em outubro, o liberiano Thomas Eric Duncan morreu em um hospital do Texas infectado pelo vírus. O Nebraska Medical Center tinha tratado anteriormente um médico missionário americano, Rick Sacra, e um fotojornalista freelancer, Ashoka Mukpo, que se infectaram na Libéria e sobreviveram.

Não existe um tratamento conhecido contra o Ebola, uma febre hemorrágica extremamente virulenta, mas atualmente há vários medicamentos em teste.

A atual epidemia de Ebola no oeste da África, a mais grave desde que o vírus foi descoberto em 1976, já deixou mais de 5.177 mortos de um total de 14.413 casos desde dezembro de 2013, a maior parte registrada em Guiné, Serra Leoa e Libéria.