Kiev - O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, ordenou, neste sábado, que sejam retirados todos os serviços públicos das regiões controladas pelos separatistas pró-Rússia no leste do país. Poroshenko ordenou por decreto que o governo tome todas as medidas no prazo de uma semana "para acabar com as atividades de empresas, instituições e organizações estatais nos diversos territórios onde é executada a operação antiterrorista".
Esta decisão se aplica a serviços públicos como escolas, hospitais e os serviços de emergência, explicou à AFP um alto responsável ucraniano que preferiu não se identificar. "É uma medida decisiva, acabou a brincadeira", declarou. "Serão retiradas todas as estruturas que o Estado financia ali". "Os fundos (poupados) serão distribuídos na forma de ajuda humanitária para essas regiões", afirmou.
[SAIBAMAIS]Divulgado no momento em que a cúpula do G20 discute, na Austrália, a crise ucraniana, entre outros temas, o decreto presidencial determina a evacuação, com acordo prévio, dos funcionários, e a recuperação, na medida do possível, dos documentos e dos bens públicos. Os tribunais, magistrados e prisioneiros terão que ser levados para fora das regiões controladas pelos separatistas, que anunciaram, ao mesmo tempo, uma anistia para os autores de crimes menores.
Além disso, será proposto ao Banco Central da Ucrânia que adote em um mês as medidas necessárias para pôr um fim aos serviços bancários para empresas e pessoas físicas.O decreto presidencial é uma das consequências das eleições celebradas nas regiões separatistas em 2 de novembro, apesar da oposição de Kiev.
Dois dias depois das eleições, Poroshenko anunciou que a Ucrânia se veria "obrigada" a endurecer o tom e a "isolar" militar e economicamente as áreas controladas pelos rebeldes para "impedir que este câncer se estenda". Desde o pleito, os confrontos se intensificaram, enfraquecendo cada vez mais a trégua assinada em 5 de setembro passado entre as Forças Armadas ucranianas e os separatistas.
Cinco civis, entre eles duas crianças, morreram atingidos por disparos da artilharia contra Gorlivka, cidade sob o controle dos separatistas pró-russos no leste da Ucrânia, anunciaram as autoridades municipais neste sábado.
O exército ucraniano, por sua vez, contabilizou três soldados mortos neste sábado, aumentando para sete os militares mortos nas últimas 24 horas. Desde o começo do conflito, em abril passado, já morreram 4.100 pessoas, segundo estimativas da ONU.