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Dez mil sérvios aclamam Vojislav Seselj, julgado por crimes de guerra

Seselj anunciou que pretende "revitalizar e reorganizar" seu partido e "atrair novos membros" para tirar do poder seus antigos aliados

Belgrado - Dez mil pessoas aclamaram, em Belgrado, o ultranacionalista sérvio Vojislav Seselj, posto em liberdade provisória pelo Tribunal Penal Internacional para a antiga Iugoslávia (TPII), durante manifestação celebrada neste sábado contra a orientação pró-europeia do governo.

A concentração era considerada uma demonstração da influência que Seselj ainda tem na opinião pública sérvia, depois de retornar ao país na quarta-feira, após passar 12 anos preso em Haia, onde é julgado por crimes de guerra. O líder ultranacionalista, de 60 anos, foi libertado "por razões humanitárias", devido ao seu mau estado de saúde, embora seu julgamento continue.

"Esperava que houvesse mais gente porque o Partido Radical [que Seselj lidera] é uma formação bem organizada", comentou o analista político Dusan Janjic. "A opinião pública mostrou claramente que não tinha muito interesse em seu retorno. A Sérvia mudou muito durante sua ausência", declarou à AFP.

A multidão, agitando bandeiras sérvias e russas, bem como fotos de Putin e cartazes em que se lia "não à UE e à Otan", aclamou Seselj quando ele entrou em um palco instalado na praça da República.

"Devemos nos voltar para a Rússia, uma adesão à União Europeia seria uma verdadeira catástrofe para o povo sérvio", disse Seselj. "Mas não queremos um conflito com a UE, se a União aceitar cooperar conosco em condições de igualdade, por que não?", argumentou o líder ultranacionalista.



Seselj anunciou que pretende "revitalizar e reorganizar" seu partido e "atrair novos membros" para tirar do poder seus antigos aliados, o presidente Tomislav Nikolic e seu primeiro-ministro, Aleksandar Vucic, aos quais chamou de "renegados e traidores".

Todas as denominações nacionalistas, inclusive seu partido, desabaram desde que Seselj se apresentou ao TPII, em 2003, para ser julgado por crimes de guerra, cometidos durante os conflitos que assolaram a antiga Iugoslávia nos anos 1990. Hoje, não têm nenhum representante no Parlamento.