Nova York - O Exército sudanês recorreu à intimidação durante uma missão conjunta ONU-União Africana (Minuad) para verificar as acusações de estupro coletivo em Darfur (oeste do Sudão), afirma um relatório confidencial da ONU.
Em 2 de novembro, um site de notícias sudanês informou que soldados sudaneses haviam estuprado 200 mulheres e meninas em Tabit, Darfur do Sul, no final de outubro. Nesta segunda-feira (10/11), a ONU assegurou que os capacetes azuis não encontraram provas que confirmem o estupro.
Um relatório interno da Minuad, ao qual a AFP teve acesso, descreve "um ambiente de terror e silêncio" durante a visita dos cascos azuis ao local no domingo e considera que a "atitude e as respostas das pessoas interrogadas revelavam um clima de terror e intimidação".
O relatório destaca a presença "de uma grande quantidade de membros do Exército sudanês, uniformizados e com traje civil, em Tabit". As pessoas interrogadas se mostraram "reativas a falar das acusações de estupro coletivo em Tabit" - muitas, inclusive, negaram-se a responder.
Os capacetes azuis foram acompanhados por soldados sudaneses que filmaram algumas das entrevistas com seus telefones celulares.
Segundo um professor consultado pela Minuad, o Exército sudanês havia pedido antes aos habitantes de Tabit que não dessem informações aos soldados da missão. O Exército sudanês impediu o acesso da Minuad a Tabit na terça-feira.
Segundo um comunicado da Minuad, "nenhuma das pessoas interrogadas confirmou que houve estupro no dia mencionado pelo site de notícias". A missão afirmou, porém, que continua investigando o caso.