O presidente uruguaio, José "Pepe" Mujica, foi o primeiro líder internacional a cumprimentar pessoalmente a presidente Dilma Rousseff pela reeleição. Em rápida visita a Brasília, Mujica se reuniu com Dilma por cerca de três horas, na tarde desta sexta-feira (07/11). Os presidentes discutiram a integração regional e o projeto de construção de um porto no Rio da Prata.
Segundo Mujica, o rio sofre com o congestionamento de embarcações e passa por situação complicada. O presidente evitou responder sobre um possível financiamento do Bndes (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). "Não falamos desse assunto, temos que falar de outras coisas", afirmou ele, questionado sobre a participação de capital brasileiro na construção. Mujica ressaltou que o porto não dever ser apenas uruguaio, "mas sim um porto da região", que favoreça "o desenvolvimento do Brasil, Paraguai, Uruguai, da Bolívia e da República argentina".
O uruguaio também comentou a importância brasileira para a região, chamando o país de "espinha dorsal" da América Latina, mas destacou que "o Brasil precisa se dar conta da responsabilidade que tem" e dos desafios comuns ao sul americanos. "Temos que somar os grandes, os pequenos e medianos, todos juntos, porque senão, não teremos força", defendeu. Sobre as eleições presidenciais do Uruguai, que serão definidas em segundo turno no próximo dia 30, Mujica se limitou a dizer que está acostumado a ler prognósticos ruins na imprensa, "Mas ganhamos as eleições, então não devemos estar tão mal", declarou o presidente, sobre os 45,94% dos votos conseguidos pelo candidato governista Tabaré Vázquez.
A presidente Dilma também destacou a integração regional e citou uma frase de Mujica para reforçar como a processo pode favorecer os países sul americanos. "Dom Pepe sempre diz que nem o Brasil tem culpa de ser tão grande nem o Uruguai de ser tão pequeno", afirmou Dilma, que disse considerar o mercado regional "muito significativo".
Fusca de 1 milhão de dólares
O presidente uruguaio comentou a oferta milionária feita por seu carro, um Fusca azul de 1987. "Os ferros têm preço, o que não tem preço é a vida", disse ele, sem confirmar se venderá ou não o automóvel. Recentemente, Mujica contou ter recebido uma oferta de US$ 1 milhão, feita em nome de um xeque árabe durante a cúpula de países do G77%2bChina, em junho, na Bolívia. Segundo o presidente, se a venda for confirmada, o valor pago será destinado para programas sociais do país.