Jornal Correio Braziliense

Mundo

Ucrânia denuncia a entrada de tanques russos no leste separatista

Trata-se de um dos balanços de vítimas mais graves desde a trégua que entrou em vigor em 5 de setembro passado

Kiev - As autoridades de Kiev denunciaram nesta sexta-feira (7/11) a incursão de 32 tanques, peças de artilharia e soldados procedentes da Rússia no leste da Ucrânia, reduto dos separatistas pró-russos, onde nas últimas 24 horas morreram cinco militares e mais de 30 pessoas ficaram feridas.

Trata-se de um dos balanços de vítimas mais graves desde a trégua que entrou em vigor em 5 de setembro passado, mas que, até agora não conseguiu resolver o conflito. "Trinta e dois tanques, 16 obuses e 30 caminhões militares Kamaz com tropas entraram na Ucrânia oriundos da Rússia e se dirigem para a cidade de Krasny Luch, em Lugansk", declarou um porta-voz ucraniano, Andrei Lysenko.

Outra coluna de caminhões que transportam equipamentos de rádio cruzou a fronteira pela passagem de Izvarin, em poder dos separatistas, acrescentou. O porta-voz também falou de "cinco militares mortos e outros 16 feridos nas últimas 24 horas".

Na cidade de Donetsk, principal reduto rebelde, 15 civis ficaram feridos na quinta-feira por fragmentos de obus perto do aeroporto, onde os separatistas pró-russos e as forças de Kiev se enfrentam há meses.

Fim da guerra


Nesta sexta-feira (7/11), cerca de 150 pessoas participaram no funeral de dois adolescentes mortos na quarta-feira em um bombardeio perto de uma escola em Donetsk. Kiev e os rebeldes se acusam mutuamente de serem os responsáveis. "É preciso evitar que volte a acontecer uma coisa assim, é preciso parar com a guerra", afirmou o prefeito da cidade, Igor Martynov.

A situação se agravou depois das eleições de domingo passado, organizadas pelas autoproclamadas República Popular de Donetsk e República Popular de Lugansk, duas entidades rebeldes. A Rússia indicou nesta sexta-feira que "respeita" os resultado das eleições, mas que "reconhecer" a votação, como tem denunciado Kiev e os ocidentais, era "uma palavra diferente".

"A princípio, respeitamos a expressão da vontade daqueles que participaram da votação", declarou o assessor do Kremlin para as questões internacionais, Yuri Ushakov. "A posição oficial da Rússia foi expressada em um comunicado breve, mas claro, do ministério das Relações Exteriores sobre os resultados das eleições" nos territórios sob controle dos insurgente, acrescentou. "Foi utilizada a palavra ;respeito; de forma deliberada", garantiu.

Tais eleições fragilizaram ainda mais a trégua e fazem temer uma nova ofensiva rebelde. O vice-ministro russo das Relações Exteriores pediu o restabelecimento do diálogo com os rebeldes. Depois das eleições, o governo ucraniano adotou uma série de medidas para isolar ainda mais a região e evitar que "o câncer se estenda", segundo palavras do presidente Petro Poroshenko.



Entre outras medidas, o governo impôs o controle de passaportes perto da zona rebelde e anunciou a supressão de ajudas públicas, principalmente pensões, aos habitantes que não voltarem a viver nos territórios controlados por Kiev. O governo quer, em médio prazo, congelar todas as subvenções para esta região, que, segundo Kiev, chegam a 34 bilhões de grivnas (1,8 bilhão e euros) ao ano.

A União Europeia anunciou, por sua parte, uma reunião de seus ministros das Relações Exteriores no próximo dia 17 de novembro para falar de novas sanções contra Moscou. A Rússia já está sob um regime de sanções desde que, em março, anexou a península ucraniana da Crimeia e como reação internacional à derrubada de um avião comercial, que foi atingido por um míssil disparado do território rebelde ucraniano.