Uagadugu - Em reunião neste sábado, em Uagadugu, partidos de oposição e organizações da sociedade civil de Burkina Faso exigiram uma transição "democrática e civil" no país, rejeitando a tomada de poder por parte do Exército, após a queda do presidente Blaise Compaoré. "A vitória resultante da insurreição popular pertence ao povo e, como consequência, a gestão da transição também lhe pertence de forma legítima e não será, de modo algum, confiscada pelo Exército", afirma o comunicado enviado à AFP.
[SAIBAMAIS]Na nota, a oposição e a sociedade civil "reafirmam o caráter democrático e civil que essa transição deve ter para permitir a Burkina Faso respeitar seus compromissos regionais e internacionais", a fim de evitar que o país "seja banido da comunidade internacional". A reunião começou no início da tarde e durou cerca de uma hora. Após 27 anos no poder, o agora ex-presidente Blaise Compaoré foi afastado do cargo na sexta-feira, sob pressão de manifestações e conflitos populares em massa. Neste sábado, o Exército designou o tenente-coronel Isaac Zida chefe do regime de transição em Burkina Faso.
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Hoje, a União Africana (UA) fez um apelo por uma transição "civil e consensual" no país. A presidente da Comissão da UA, Nkosazana Dlamini-Zuma, pediu "aos atores políticos e à sociedade civil de Burkina Faso que trabalhem juntos em um espírito de consenso e de responsabilidade para chegar a uma transição civil". Solicitou ainda que sejam realizadas, o quanto antes, "eleições livres, regulares e transparentes".
Na mesma nota, Dlamini-Zuma pediu "às autoridades das Forças Armadas e de Segurança que se abstenham de qualquer ato, ou proposta, que possa complicar ainda mais a situação em Burkina Faso e afetar, negativamente, a segurança e estabilidade regionais". Ela também se dirigiu aos jovens, pedindo-lhes que "permaneçam calmos e apoiem uma solução pacífica da crise".
"Uma transição civil e consensual responderá não apenas às aspirações legítimas do povo de Burkina Faso para a mudança e o aprofundamento da democracia, mas facilitará também a mobilização do apoio internacional necessário para permitir uma saída bem-sucedida da crise", completou a nota divulgada pela União Africana. Na segunda-feira, a organização terá um conselho de paz e de segurança para discutir a situação no país.