Ouagadougou - A oposição de Burkina Faso afirma que um milhão de pessoas protestaram nesta terça-feira (28/10) na capital contra a revisão constitucional que permitirá que o presidente prolongue seu mandato depois de 27 anos no poder.
"Nossa manifestação já é um enorme êxito", afirmou Zéphirin Diabré, líder da oposição, que calculou a participação em um milhão de pessoas.
Confrontos com as forças de segurança foram registrados durante os protestos.
Os policiais enfrentaram os jovens que ergueram barricadas na estrada que liga a capital Uagadugu a Bobo Diulaso, segunda maior cidade do país.
As forças de segurança usaram bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes, que responderam jogando pedras.
A oposição convocou a manifestação para protestar contra o que considera uma tentativa de "golpe de Estado constitucional" do presidente Blaise Compaoré.
A Assembleia Nacional examinará na quinta-feira um projeto de lei polêmico que permitirá a Compaoré se candidatar a mais uma reeleição. Ele está no poder desde 1987, graças a um golpe de Estado.
O governo dispõe de maioria parlamentar para ratificar diretamente a lei, sem passar por referendo, como estava previsto inicialmente.
A oposição teme que a mudança constitucional, que não deve ser retroativa, permita que o chefe de Estado - eleito quatro vezes por maioria esmagadora - tente se manter na Presid~encia por mais quinze anos.
A situação já é corrente na África. Nos últimos anos, foram tomadas decisões parecidas em pelo menos oito países - Argélia, Chade, Camarões, Togo, Gabão, Guiné Equatorial, Angola, Djibuti e Uganda - onde alguns presidentes seguem no poder há mais de três décadas.
A oposição e a sociedade civil de Burkina Faso dão agora um ultimato ao poder e exigem a deposição do presidente.
Como resposta às ameaças, o governo fechou escolas e universidades durante a semana para evitar discussões entre os estudantes e professores.
Campaoré tem uma imagem sólida no exterior, apesar de seu envolvimento em diversos escândalos, como a atuação do presidente em redes de tráfico de armas e de diamantes com os rebeldes de Angola e Serra Leoa.