[SAIBAMAIS]Esperava-se que a polícia devolvesse o corpo de Shaludi à sua família e permitiu-se a participação de apenas 20 pessoas no funeral, às 19H00 de Brasília (21H00 GMT), segundo determinação judicial. Jawad Siyyam, ativista de Silwan, onde os Shaludis moram, alegam que autoridades israelenses ameaçaram a família de sepultar o rapaz elas próprias caso não aceitassem as condições.
A família recusou estes termos, mas finalmente os dois lados concordaram em que 70 pessoas poderiam assistir ao funeral, segundo Siyyam. Um porta-voz da polícia confirmou que o corpo seria devolvido à família, mas negou que o número de participantes permitido tenha chegado a 70.
;Funeral simbólico;
Já no domingo, a família celebrou o que denominou de "funeral simbólico" em homenagem ao "mártir" Shaludi em Silwan, um setor palestino sensível, próximo à Cidade Antiga de Jerusalém.
Centenas de palestinos participaram da cerimônia, conduzindo um caixão vazio e recitando orações, antes de tentar chegar ao complexo da mesquita de Al-Aqsa, epicentro de recentes tensões. A polícia informou ter detido uma pessoa nos confrontos em Silwan. Em outras partes de Jerusalém oriental, a polícia deteve dois jovens em Issawiya por atirar pedras.
Shaludi foi morto a tiros pela polícia enquanto fugia a pé após praticar o que as autoridades israelenses consideraram um "ataque terrorista" que matou Haya Zissel Braun, a menina israelense de três meses que também tinha nacionalidade americana.
O premiê israelense, Benjamin Netanyahu, disse que as forças de segurança de Jerusalém foram reforçadas com um efetivo extra de mil policiais e guardas de fronteira, inclusive forças especiais. "Não vamos permitir que a realidade de Jerusalém se torne a de atirar pedras, bombas incendiárias e distúrbios", acrescentou. Netanyahu culpou "elementos extremistas islâmicos" por estar atrás das tentativas de "incitar a capital de Israel". "Usaremos toda a força necessária, de forma resoluta e responsável, para assegurar que não tenham sucesso", prometeu.
Confrontos têm ocorrido desde a quarta-feira em toda a Jerusalém oriental, que tem sido cena de violência noturna crescente desde que um adolescente palestino foi morto por extremistas judeus, em julho. Os confrontos se intensificaram durante os 50 dias de guerra a Gaza, durante o último verão.
Apelo presidencial
O presidente de Israel, Reuven Rivlin, apelou à liderança árabe-israelense para ajudar a mitigar a escalada de violência. "A população árabe de Israel e os líderes árabes em Israel precisam assumir uma posição clara contra a violência e o terrorismo", disse Rivlin, em uma cerimônia que lembrou o massacre, em 1956, de 47 moradores da cidade árabe-israelense de Kafr Qassem por policiais de fronteira israelense.
Israel ocupou a parte leste de Jerusalém durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967, e a anexou, o que nunca foi reconhecido pela comunidade internacional. Cerca de 200 mil israelenses vivem lá, lado a lado com cerca de 300.000 palestinos.
Grande parte do ódio dos palestinos se direciona a assentamentos judaicos erguidos em Jerusalém oriental, particularmente em Silwan, um bairro árabe densamente povoado, situado em uma colina íngreme ao sul da Cidade Antiga. No mês passado, Silwan ocupou as primeiras páginas dos jornais, quando colonos adquiriram outros 35 apartamentos no local, causando indignação entre os palestinos e a condenação dos Estados Unidos.
Nesta sexta-feira, a mídia israelense reportou que o ministro da Habitação, Uri Ariel, estava considerando se mudar para Silwan, uma jogada que aumentaria ainda mais as tensões. Israel considera toda a cidade de Jerusalém como sua "capitão sem divisão" e não vê a construção ou a compra de casas no setor oriental como uma atividade de colonização. Os palestinos querem que Jerusalém oriental seja a capital de seu futuro Estado.