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Tunisianos votam em eleições cruciais para o país

Cerca de 80.000 policiais e militares foram mobilizados para essas eleições

TUNES - Os tunisianos votaram neste domingo para eleger sua primeira "Assembleia de Representantes do Povo" desde a revolução, uma eleição crucial para a transição democrática no país e sob forte esquema devido a ameaça jihadista.

Os resultados destas eleições históricas, que transcorreram sob fortes medidas de segurança para evitar atentados jihadistas, serão anunciados nesta segunda-feira.

Cerca de 80.000 policiais e militares foram mobilizados para essas eleições.

A participação, segundo fontes eleitorais, chegou a 50,6%, duas horas antes do fechamento das zonas eleitorais.

Os observadores temem uma grande abstenção, dado que muitos tunisianos têm se mostrado desapontados com a política.

Cerca de 5,3 milhões de eleitores deveriam comparecer às urnas em 33 zonas eleitorais para eleger 217 deputados por representação proporcional. Os tunisianos no exterior votaram na sexta-feira em seus respectivos países.



Em outubro de 2011, a eleição da assembleia constituinte, vencida pelos islamitas do Ennahda, foi a primeira consulta livre da história do país, mas as legislativas deste domingo são fundamentais porque podem permitir à Tunísia de se dotar de instituições sólidas quatro anos após a contestação que deu origem à Primavera Árabe.

O primeiro-ministro Mehdi Jomaa elogiou um "dia histórico". "Todos os projetores foram lançados sobre nós e o sucesso desta operação é uma garantia para o futuro (...), uma luz de esperança para os jovens da região", declarou, enquanto a maior parte dos países que viveram a Primavera Árabe está mergulhado no caos ou repressão.

De acordo com analistas, dois partidos são favoritos: o islamita Ennahda, no poder de 2012 até o início de 2014, e seus principais opositores do Nidaa Tounes.

O presidente de Nidaa Tounes, o candidato à presidência Béji Ca;d Essebsi, de 87 anos, realizou seu dever de cidadão lançando um "Viva a Tunísia", enquanto que o líder do Ennahda, Rached Ghannouchi, comemorou o fato "de os tunisianos serem muito apegados à democracia".

A campanha eleitoral foi morna, com muitos tunisianos desapontados com as batalhas políticas que atrasaram esta votação, prevista originalmente para outubro de 2012, em dois anos.

Os partidos se concentraram em dois grandes tema: a segurança, num momento em que a Tunísia tem testemunhado o surgimento de grupos jihadistas responsáveis por ataques que mataram dezenas de membros das forças de segurança, e a economia, que permanece anêmica e ferida pelo desemprego e a miséria.

O Isie indicou que provavelmente não seria capaz de anunciar os resultados na noite de domingo. Ele tem até o dia 30 de outubro para informar a composição do novo Parlamento. Os partidos podem, todavia, publicar os resultados de sua contagem de votos.

O sistema de votação proporcional favorece as pequenas formações, e as principais forças políticas já salientaram que nenhum partido será capaz de governar sozinho.

Outras incógnita é sobre a participação da população. Muitos tunisianos se dizem desiludidos pelos políticos que atrasaram em dois anos as eleições.

O Ennahda, que teve de deixar o cargo no início de 2014 depois de um 2013 marcado por uma crise política, o assassinato de dois de seus adversários e ataques jihadistas, assegura querer formar um gabinete de consenso, dizendo estar pronto para uma aliança de conveniência com Nidaa Tounes.

Por sua vez, o maior partido laico, que fez campanha como alternativa única ao Ennahda, também planeja em caso de vitória foram uma coligação e não fecha completamente a porta à colaboração com os islâmicos.