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Comerciantes lutam pela sobrevivência em meio à seca na Califórnia

Os habitantes que vivem perto do lago, situado no condado de Fresno, no Vale Central da Califórnia, questionam angustiados se a seca vai durar muito mais

Huntington Lake - O lago Huntington transformou-se em uma grande superfície de areia e pedras, uma paisagem quase lunar, só quebrada pelos cais sem barcos e os pinhais verdes vizinhos, lembretes dos fortes danos da seca que a Califórnia vive há três anos. "Este lugar está desaparecendo. Neste verão, não houve água no lago e não tivemos barcos", explica à AFP Elaine Newton, que administra com a família a empresa de aluguel de barcos de lazer Rancheria.

Centenas de amantes da vela e do esqui aquático costumam visitar o lago para praticar seus esportes preferidos, além de aproveitar a tranquilidade que a natureza do lugar oferece. No entanto, praticamente não choveu ou nevou esse ano, o que reduziu pela metade o número de visitantes da Rancheria. Agora a empresa depende da venda de alimentos e material àqueles que vão acampar na área.

Os habitantes que vivem perto do lago, situado no condado de Fresno, no Vale Central da Califórnia, questionam angustiados se a seca vai durar muito mais. Elaine acredita que seu negócio sobreviverá até o próximo inverno, nevando ou não, mas reconhece que seu marido e cunhado não poderão trabalhar na Ranheria, assim como os seis funcionários que foram demitidos devido à falta de orçamento para o pagamento de seus salários.

Criatividade diante do desespero

A cerca de 100 metros do lago Huntington fica o Lakeshore Resort, outro negócio familiar com alojamento, bar e supermercado, também em crise. "Alugamos 27 bangalôs, geralmente a pessoas que gostam de velejar. Nesse verão, como não teve água, tivemos todas as reservas canceladas", explica Amanda, que administra o lugar.

Seu proprietário, Stephen Sherry, viu-se obrigado a pedir um empréstimo para manter a empresa aberta esse outono. Também teve que dispensar 43 dos 60 funcionários que normalmente trabalham essa época do ano. Ainda assim, as dificuldades não o impedem de manter o otimismo. "Tentamos ser criativos. Organizamos corridas de 4x4 em cima das pedras do lago e competições de kite e castelos de areia. Também queremos explorar o universo matrimonial. Este é um lugar muito bonito para se casar", explica.

Em Porterville, uma pequena cidade situada no Vale Central, Tom Barcellos se esforça para manter férteis seus campos agrícolas diante da falta d;água. Seu poço está seco, como o da maioria das casas e comércios nos arredores. Frente à situação extrema, Barcellos não conseguiu irrigar 25% de suas terras este ano. "Nossas ganhos caíram e ainda tivemos que comprar mais forragem para garantir que nossas 800 vacas tivessem comida suficiente", disse.

Além disso, "gastei 150 mil dólares para perfurar um novo poço" para que os animais tivessem o que beber. Barcellos não consegue se lembrar, em seus 59 anos, de uma seca tão prejudicial como essa. Trata-se da pior do último século. "Rezo pela chuva. Se isso não mudar, minha empresa não irá sobreviver", afirma.

"Muita gente perde o emprego devido à queda de produção agrícola", conta Andrew Lockman, diretor de serviços emergenciais do condado de Tulare, onde fica Poterville. "Existem milhares de árvores frutíferas que podem morrer e campos inteiros sem irrigação", acrescenta. Alguns agricultores se viram obrigados a transportar água em caminhões desde outros estados a preços altíssimos. "Isso cria um círculo vicioso para a economia regional", afirma Lockman, que espera grandes perdas para a agricultura do condado de Tulare, acostumada a gerar aproximadamente 7.8 bilhões de dólares por ano.