Sana - Pelo menos 60 pessoas morreram no Iêmen em novos episódios de violência entre integrantes da Al-Qaeda, apoiados por tribos sunitas, e rebeldes xiitas que tentam aproveitar o vazio de poder no país para estender sua influência.
A rebelião xiita, que tem a cidade de Saada (norte) como reduto, aproveitou-se da instabilidade crônica depois do levante de 2011 contra o ex-presidente Ali Abdullah Saleh para tomar a capital Sanaa em 21 de setembro.
Eles avançaram para o sul, tomando na semana passada a cidade portuária de Hodeida, no Mar Vermelho, e se apoderando de partes das províncias de Dhamar, Ibb e Baida.
Se as forças do governo não reagirem diante desse avanço, a violência poderá aumentar ainda mais com atos de represália dos militantes da Al-Qaeda junto com tribos sunitas locais.
Pelo menos 15 pessoas, incluindo crianças, morreram nesta segunda em um atentado suicida com carro-bomba contra uma posição de rebeldes xiitas em Radha, 150 quilômetros ao sul de Sanaa, segundo testemunhas e uma fonte tribal.
Na madrugada de domingo para segunda-feira, 20 combatentes xiitas morreram em outro atentado com carro-bomba na mesma cidade e nos combates travados depois.
Já os sunitas perderam pelo menos quinze combatentes, de acordo com fontes tribais.
Nesta segunda, dez rebeldes xiitas morreram em confrontos no setor de Anas, na província de Dhamar, de acordo com fontes médicas e tribais.
Os combatentes da Al-Qaeda e membros de tribos retomaram a cidade de Udayn, na província de Ibb (sudoeste), que tinha sido ocupada pelos xiitas na semana passada.
A Al-Qaeda na Península Arábica (Aqpa) é considerada pelos Estados Unidos o braço mais perigoso da rede extremista. Ele comete ataques frequentes contra as forças de segurança e prometeu travar uma guerra sem trégua contra os xiitas diante da passividade das autoridades.
Apesar da assinatura de um acordo de paz acompanhado pela ONU, os rebeldes xiitas continuam a ocupar a capital Sanaa e os membros de tribos sunitas acusaram as forças do governo de colaborar com os rebeldes.
Além desses confrontos, o Iêmen enfrenta também a retomada de um movimento separatista no sul do país, que foi um Estado independente até 1990.
Os novos atos de violência suscitam temores de que o Iêmen, país mais pobre da Península Arábica, mergulhe totalmente no caos.