Mirsutpinar - - Apoiados pelos ataques aéreos da coalizão, os combatentes curdos resistem um mês depois do início da ofensiva do grupo Estado Islâmico contra a cidade síria de Kobane.
A luta por Kobane, terceira maior cidade curda da Síria - na fronteira com a Turquia -, passou a ser considerada o símbolo da luta contra o EI, e o destino da região permanece incerto após 30 dias de combates intensos.
Os jihadistas controlam "pelo menos 50% da cidade", de acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), "mas os curdos, com sua resistência feroz e a ajuda dos ataques da coalizão, conseguiram conter seu avanço nas últimas 48 horas".
[SAIBAMAIS]"Eles tentam levar o EI para uma guerra de desgaste, realizando ataques ou tentando cercá-los no quartel-general que eles tomaram na sexta-feira passada" dos curdos, acrescentou o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman, indicando que um ataque americano atingiu um dos prédios do QG e que os combates continuavam.
Essas informações não podem ser confirmadas devido à ausência de observadores independentes e de jornalistas em Kobane.
Nesta quinta-feira, os jihadistas realizaram um ataque nas imediações do posto de fronteira turco de Mursitpinar, tentando cortar qualquer ligação entre Kobane e a Turquia, constatou um jornalista da AFP na fronteira.
No total, 16 morteiros foram disparados pelos jihadistas durante o dia, segundo o OSDH.
Encontro entre americanos e curdos
Em um mês, "a batalha de Kobane" causou a morte de 662 pessoas, segundo um registro do OSDH, que não inclui as vítimas dos ataques aéreos. O EI perdeu 374 combatentes; e os curdos, 268. Vinte civis também morreram.
Mais de 300.000 pessoas fugiram de Kobane desde o início da ofensiva do grupo extremista, no dia 16 de setembro.
O Pentágono admitiu que a situação é preocupante e que "Kobane ainda pode cair" em poder dos jihadistas.
Para ajudar os curdos, Washington, à frente de uma coalizão na Síria e no Iraque, realizou desde o fim de setembro mais de 100 ataques aéreos contra alvos em torno da cidade.
Além disso, o Departamento de Estado afirmou nesta quinta-feira que autoridades americanas haviam se reunido com os curdos do Partido da União Democrática (PYD), indicando que esse encontro ocorreu "fora da região" e que Washington ainda não chegou ao estágio de armar e formar as milícias curdas.
De acordo com uma autoridade americana, o encontro foi realizado em Paris.
Enquanto isso, pelo menos 20 jihadistas do EI, a maioria combatentes estrangeiros, foram mortos em um ataque das forças curdas 30 km a oeste de Ras al-Ain, na província de Hassaka, segundo o OSDH.
"Os curdos desfilaram com os corpos em um carro pelas ruas de Ras al-Ain", cidade controlada pelos curdos na fronteira com a Turquia, de acordo com a ONG.
Sem ameaça iminente a Bagdá
No vizinho Iraque, o governo americano, que havia manifestado preocupação com o cenário em várias partes do país na quarta-feira, mostrou-se mais tranquilo quanto ao destino da capital.
"Acreditamos que, no momento, Bagdá não sofre uma ameaça iminente", declarou o porta-voz do Ministério americano da Defesa, contra-almirante John Kirby.
"Não há uma mobilização massiva das forças do EI no exterior (da capital iraquiana) preparadas para entrar", afirmou.
No entanto, pelo menos 26 pessoas morreram nesta quinta-feira em diversos atentados dentro e nas imediações de Bagdá, incluindo com carros-bomba, segundo fontes médicas e policiais. Um deles, contra um bairro xiita de Bagdá, foi reivindicado pelo EI.
Para reforçar sua participação na coalizão anti-jihadista no Iraque, Londres decidiu reposicionar drones envolvidos que estavam até o momento no combate aos talibãs no Afeganistão.
Moscou reafirmou sua recusa em participar de uma "coalizão formada sem o aval do Conselho de Segurança" e ressaltou que nenhum acordo de compartilhamento de informações de inteligência sobre os jihadistas com os Estados Unidos foi concluído.