Washington - O grupo extremista Estado Islâmico (EI) avançou consideravelmente no Iraque, apesar dos constantes ataques aéreos liderados pelos Estados Unidos, afirmou nesta quarta-feira (15/10) o enviado de Washington para a coalizão internacional que combate a formação radical.
"O EI conseguiu avanços substanciais no Iraque", admitiu o general reformado John Allen, acrescentando que poderá levar algum tempo para a força local derrotar o grupo extremista na Síria e no leste do território iraquiano.
Em coletiva de imprensa no Departamento de Estado, em Washington, o general americano alertou que os ataques aéreos não produzem "nem vencedores, nem vencidos".
De volta após uma longa viagem pelo Oriente Médio, que incluiu Iraque, Jordânia e Turquia, Allen afirmou que os países aliados da coalizão concordam em dizer que "apesar de o aspecto militar ser importante, não é suficiente" para acabar com o grupo.
Até o momento, acrescentou, o plano é "seguir esses passos, que são necessários, com as forças que temos disponíveis" para ganhar tempo, treinando e armando o efetivo de segurança iraquiano.
Embora o governo do Iraque e as forças curdas tenham tido êxito em conter o avanço do EI e até em forçar uma retirada dos militantes extremistas de cidades importantes, como as regiões próximas à represa de Mossul, o grupo tem registrado vitórias táticas em outras áreas, reconheceu o oficial.
"A situação no Iraque é claramente a nossa principal preocupação neste momento", admitiu o general, citando principalmente a "estabilização do governo" iraquiano.
Allen, que foi oficialmente nomeado pelo presidente Barack Obama para coordenar os esforços da coalizão internacional, disse estar "muito reticente em associar o termo ;alvo estratégico; à cidade de Kobane", disputada entre as forças curdas e jihadistas na fronteira entre a Síria e a Turquia.
Sobre a batalha de Kobane, o porta-voz do Pentágono, contra-almirante John Kirby, afirmou que os ataques aéreos realizados para defender Kobane mataram centenas de combatentes do EI. Mas ele considerou que ainda "há chances de Kobane cair" em poder dos jihadistas.
O general Allen também falou sobre a cooperação entre o seu país e a Turquia, depois de semanas de negociações entre os dois aliados sobre a estratégia a seguir contra o grupo extremista.
"São velhos amigos, parceiros na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte)", declarou o militar americano, confirmando que uma equipe das Forças Armadas americanas está na Turquia para discutir "detalhes operacionais". A agenda inclui, sobretudo, o apoio de Ancara ao treinamento e equipamento de opositores moderados sírios, assim como a polêmica questão do uso de bases aéreas turcas.