Jornal Correio Braziliense

Mundo

Chefes do Exército dos EUA alertam para impactos de cortes no orçamento

O chefe do Estado-Maior do Exército disse que os benefícios dos planos para enxugar o orçamento de 490 mil para 420 mil estão sendo colocados em questão devido aos acontecimentos recentes

Washington - Os líderes do Exército americano alertaram nesta segunda-feira (13/10) que cortes no orçamento podem obrigá-los a reduzir o alcance de sua força em um momento de desafios de segurança crescentes.

O alerta foi feito no momento em que o Exército desenvolve uma nova visão estratégica que exige uma remodelagem de sua força para necessidades imprevisíveis em um cenário de rápidas mudanças.

O general Raymond Odierno, chefe do Estado-Maior do Exército, disse que os benefícios dos planos para enxugar o orçamento do Exército de 490 mil para 420 mil até o fim da década estão sendo colocados em questão devido aos acontecimentos recentes.

"O mundo está mudando diante de nós", disse Odierno a jornalistas. "Nós vimos a agressão russa no oeste europeu, o Isis e um aumento de instabilidade em outros lugares".


O governo americano usa a sigla Isis (sigla em inglês para Estado Islâmico no Iraque e na Síria) para se referir ao autoproclamado Estado Islâmico (EI).

"Então, agora, minha preocupação é se reduzir para menos de 490 é realmente a coisa certa a se fazer, por causa do que vejo que pode acontecer futuramente", disse.

Diante dos cortes orçamentários impostos pelo governo, o Exército optou por reduzir as tropas, tornando possível economizar dinheiro para a modernização de armamento, treinamento e programas de preparação - mas até isso está em risco, afirmaram Odierno e o secretário do Exército, John McHugh.

"Nós continuamos aumentando as exigências para as nossas forças, mas não podemos garantir que estaremos preparados para cumprir esses compromissos", disse Odierno.

Enquanto isso, o Exército está avançando com um novo "conceito de operação" que destaca a dificuldade de planejamento para futuros conflitos na atual conjuntura.

Chamada de "Win in a Complex World" (Vencer em um mundo complexo), a operação está sendo apontada como a maior mudança na visão de futuro do Exército desde a Guerra Fria, quando foi organizado para travar batalhas terrestres contra uma ex-União Soviética com tanques, helicópteros de ataque e mísseis antiaéreos.

Na medida em que essas mudanças forem feitas, elas vão moldar a forma como o Exército equipa e treina as suas forças pelos próximos 20 anos.

"Temos que começar o desafio intelectual agora mesmo", disse Odierno.

O novo conceito inclui a criação de uma força adaptável em que os oficiais são estimulados a resolver problemas imprevistos, ao invés se debruçarem para definir planos de batalha.

"O Exército não pode prever quem será seu inimigo, onde será a luta e quais serão seus aliados", declarou o comandante de Treinamento e Doutrina de Comando do Exército, general David Perkings.

O Exército deve ser projetado para atuar de forma mais próxima a outros serviços militares, forças aliadas, agentes civis e organizações não-governamentais.

Isso marca uma mudança na ênfase em uma forte dependência de armamentos de alta tecnologia para uma classe de oficiais treinados e capazes de pensar fora dos padrões militares.