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Autoridades mexicanas polemizam sobre investigação de desaparecidos

Iguala de La Independencia - Com as famílias das vítimas desesperadas após 15 dias de um espera angustiante, as autoridades mexicanas se contradizem agora sobre os trabalhos de identificação de cadáveres, entre os quais podem estar os 43 estudantes desaparecidos na cidade de Iguala (sul).

Ángel Aguirre, governador da região de Guerrero, à qual Iguala pertence, tentou enviar uma mensagem de esperança aos pais dos jovens, que estão desaparecidos depois de terem sido atacados na noite de 26 de setembro por policiais locais e pistoleiros do narcotráfico.

O governador declarou no sábado que já tem a informação de que alguns dos corpos que foram encontrados nos últimos dias em fossas clandestinas não correspondem aos dos estudantes, sem fornecer mais detalhes.

"Tenho fé, muita esperança de que encontraremos nossos jovens com vida", disse o governador, fortemente questionado por sua atuação neste crime e pelos altos índices de violência de Guerrero, entre os maiores do país.

Aguirre também informou que nas últimas horas foram realizadas mais detenções por este caso, que se somariam aos cerca de 40 detidos, mas ainda não foram divulgados mais detalhes.

No dia 4 de outubro foram encontradas fossas clandestinas com 28 cadáveres e na quinta-feira outras quatro com um número indeterminado de corpos, onde teme-se que os estudantes estejam com base em declarações de pistoleiros do cartel local Guerreros Unidos.

O governador, que apresentou um plano de assessoria e ajuda às famílias, participou de uma reunião em Iguala com o chefe da agência de investigação criminal do Ministério Público, Tomás Zerón, na liderança das buscas.

No entanto, o próprio procurador-geral, Jesús Murillo Karam, declarou mais tarde que as análises genéticas dos corpos não foram finalizadas.

"Não sei em que o governador se baseia", disse o procurador. "Quando dou informação é porque tenho a certeza de que ocorreu assim", acrescentou.

O Ministério Público estimou que até terça ou quarta-feira poderão ter finalizado a primeira identificação para ter maior clareza sobre a veracidade das confissões dos pistoleiros detidos.

Murillo Karam se reuniu em Chilpacingo, capital de Guerrero, com familiares das vítimas, que resistem em acreditar que seus filhos estejam mortos e desconfiam da investigação oficial.

Em declarações à AFP, o porta-voz dos pais, Manuel Martínez, criticou o governador que fala das perícias antes de seu fim e reiterou que as famílias acreditam que seus filhos seguem em poder dos policiais locais que fugiram após o ataque.

Paralelamente aos trabalhos da perícia, o Ministério Público tenta esclarecer o que motivou um ataque tão brutal contra os estudantes, que deixou seis mortos.

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As suspeitas indicam que a polícia local - há 26 agentes detidos - entregou os estudantes depois do ataque a pistoleiros do Guerreros Unidos, um cartel vinculado à esposa do prefeito de Iguala, José Luis Abarca. O casal é procurado pelas autoridades.

Testemunhas dizem ter visto dezenas de estudantes, a maioria entre 18 e 21 anos, serem transportados em carros da polícia antes de desaparecer. O México segue comovido e indignado por este caso, que voltou a exibir a cumplicidade de autoridades e narcotraficantes.