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Espanhóis protestam contra postura do governo diante de ameaça do ebola



Muitos países reforçam os controles para evitar qualquer contágio da epidemia de febre hemorrágica que já deixou 4.000 mortos em todo o mundo.

Já no Brasil, o paciente guineano internado e isolado não tem Ebola, anunciou neste sábado o ministério da Saúde, depois de receber os resultados do primeiro exame.

"O ministério da Saúde informa que o exame para o diagnóstico do paciente suspeito de infecção pelo vírus Ebola teve resultado negativo", afirma um comunicado, antes de explicar que o exame precisa ser reconfirmado em 48 horas.

"O estado de saúde é bom, não apresenta febre e o paciente continua em isolamento total no Instituto de Infectologia Evandro Chagas, no Rio de Janeiro", destacou o ministério.

A epidemia de Ebola, que começou na Guiné no final de 2013, matou mais de 4.000 pessoas, segundo o balanço mais recente da Organização Mundial da Saúde (OMS). Quase 8.400 casos foram registrados em sete países.

Do Reino Unido até a Nicarágua, os países anunciaram medidas de reforço do controle nas fronteiras para pessoas procedentes dos países mais afetados pela epidemia: Guiné, Libéria e Serra Leoa.

O aeroporto internacional JFK de Nova York começou neste sábado a reforçar o controle dos passageiros procedentes dos três países da África Ocidental mais afetados pela doença.

Ao chegar ao aeroporto, os passageiros procedentes de Libéria, Serra Leoa e Guiné são levados a uma zona específica para ser examinados e, "em caso de febre, outros sintomas ou exposição ao Ebola" serão levados aos Centros americanos de controle e prevenção de doenças (CDC, em inglês) para serem submetidos a um exame clínico, informou à imprensa Gil Kerlikowskie, chefe da Customs and Border Protection (CBP).

O Reino Unido organiza um exercício neste sábado com centenas de pessoas, incluindo ministros, para testar a capacidade do país para enfrentar um caso de Ebola em seu território.

A Confederação Africana de Futebol (CAF) anunciou neste sábado que não adiará a Copa da África, prevista para janeiro e fevereiro de 2015 no Marrocos, apesar da epidemia. A CAF rejeitou um pedido do governo marroquino, que solicitou a alteração no calendário por precaução.

Na Libéria, o Parlamento rejeitou a decisão da presidente Ellen Johnson Sirleaf de adiar as eleições para o Senado por causa do vírus. Também rejeitou o pedido de plenos poderes.

Segundo resultados de um teste de laboratório realizado na Alemanha, o britânico que morreu na quinta-feira em um hospital de Skopje com supostos sintomas do vírus do Ebola não tinha a doença, indicou neste sábado a porta-voz do ministério da Saúde da Macedônia.

Alarmes falsos e boatos
O primeiro caso de contágio fora da África e a morte de um paciente em território americano deram uma dimensão mundial ao medo: alarmes falsos, boatos, e internações preventivas aumentaram nos últimos dias.

A Espanha luta contra a divulgação nas redes sociais de imagens que simulam páginas dos veículos de comunicação para anunciar novos casos de contágio.

O governo espanhol também tenta acalmar os funcionários do setor de saúde, inquietos com a falta de recursos e de formação ante uma doença pouco conhecida.

"Não faltarão recursos nem financiamento para atender a todos os pacientes", disse a ministra da Saúde, Ana Mato.

A África Ocidental não tem os mesmos recursos. Mas a diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, declarou que a instituição, que já repassou 41 milhões de dólares à Guiné, está "disposta a fazer mais se for necessário", após um encontro com o presidente guineano, Alpha Condé.

O chefe da missão da ONU para a luta contra o Ebola, Anthony Banbury, destacou a urgência da crise.

"O tempo joga contra. O vírus é mais rápido que nós e a situação piora a cada dia".

"Estamos atrasados, mas ainda há tempo para lutar e ganhar a batalha", completou Banbury .

O governo do Mali anunciou testes clínicos de uma vacina contra o Ebola no centro do desenvolvimento de vacinas de Bamako.

A vacina também está sendo testada nos Estados Unidos e Reino Unido.

Até o momento não existe nenhuma vacina ou tratamento homologado contra o vírus, que é transmitido por contato direto com fluidos corporais.

A Rússia, por sua vez, pode fornecer três vacinas contra o vírus em seis meses, afirmou neste sábado a ministra russa da Saúde, Veronika Skvortsova.

"Criamos três vacinas (...) e pensamos que estarão prontas nos próximos seis meses", indicou a ministra à rede de televisão Rossiya 1.

"Uma já está pronta para um teste clínico", acrescentou, depois de informar que uma das vacinas foi criada a partir de uma cepa inativa do vírus.