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Nobel de Química vai para trio que contribuiu para avanço da microscopia

Os vencedores receberão o prêmio no dia 10 de dezembro em Estocolmo. Eles dividirão oito milhões de coroas suecas (1,1 milhão de dólares)

Estocolmo - O prêmio Nobel de Química de 2014 foi concedido aos americanos Eric Betzig e William Moerner e ao alemão Stefan Hell, por seus trabalhos que possibilitaram o desenvolvimento de microscópios de alta resolução usados para observar tecidos moleculares. Os três cientistas recebem o prêmio pelo "desenvolvimento da microscopia de fluorescência de alta resolução", a chamada nanoscopia, anunciou o júri. "Durante muitos anos, a microscopia viveu com uma suposta limitação: o fato de que nuca seria possível obter uma resolução melhor que a metade da longitude de ondulação da luz", destacou o júri.

O limite de 0,2 nanômetro (0,2 bilionésima parte de um metro) foi definido pelo alemão Ernst Abbe em 1873. Porém, mais de um século depois, o avanço da ciência permitiu superar a barreira. "Com a ajuda das moléculas fluorescentes, os vencedores do Nobel de Química 2014 superaram a limitação com engenhosidade. Seu trabalho pioneiro levou microscopia óptica à dimensão nanométrica", destaca o Comitê.

As pesquisas premiadas foram concluídas nos últimos anos. Stefan Hell, de 51 anos, diretor de dois prestigiosos institutos de pesquisas na Alemanha (em química e oncologia), apresentou no ano 2000 a técnica de microscopia de alta resolução STED (Stimulated Emission Depletion). "São usados dois raios laser: um estimula as moléculas fluorescentes para que brilhem e o outro suprime qualquer fluorescência, exceto as de volume nanométrico. Ao escanear o objeto nanômetro por nanômetro você obtém uma imagem", explicou a Academia Real das Ciências.

Eric Betzig, de 54 anos, e William Moerner, de 61 anos, criaram, cada um de maneira separada, microscopia monomolecular ("single-molecule microscopy"). "O método se baseia na possibilidade de acender e apagar a fluorescência das moléculas individuais. Os cientistas representam a mesma zona em várias oportunidades, permitindo que brilhem apenas algumas moléculas dispersas a cada vez. A superposição das imagens cria uma super-imagem densa, cuja resolução alcança o nível nanométrico", resumiu o júri.

Os vencedores receberão o prêmio no dia 10 de dezembro em Estocolmo. Eles dividirão oito milhões de coroas suecas (1,1 milhão de dólares). O trio sucede o austro-americano Martin Karplus, o britânico-americano Michael Levitt e o israelense-americano Arieh Warshel, premiados em 2013 por trabalhos sobre a modelagem informática das reações químicas.



"Foi uma surpresa total, não pude acreditar... No início achei que se tratava de uma piada", disse Stefan Hell, citado pela a fundação Nobel. Ele acrescentou que "a comunidade científica não foi muito receptiva" a sua pesquisa inicialmente, porque a considerava "um pouco louca". O Nobel de Química não costuma ser atribuído a mais de duas pessoas. Isso aconteceu apenas 19 vezes desde 1901.

O Nobel de 2014 entra para a história por premiar trabalhos que podem ser entendidos de forma direta pelo público. Os vencedores em Medicina pesquisaram a zona do cérebro que dá o sentido de orientação, enquanto os estudos dos vencedores de Física permitiram a criação das lâmpadas de LED de baixo consumo. Ainda serão anunciados os vencedores do Nobel de Literatura (quinta-feira), da Paz (sexta-feira) e de Economia (segunda-feira).