Jerusalém - Dezenas de jovens palestinos enfrentaram policiais israelenses nesta quarta-feira na Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém, após a visita de fiéis judeus a este local venerado por judeus e muçulmanos e cenário de crescentes tensões.
Quatro policiais ficaram levemente feridos e cinco manifestantes foram detidos, disse a porta-voz da polícia. Do lado palestino, 17 pessoas ficaram feridas, segundo os serviços de emergência palestinos.
Os confrontos começaram quando fiéis judeus entraram na esplanada pela rampa de madeira destinada a eles e ficaram a algumas dezenas de metros da mesquita Al-Aqsa, terceiro local mais sagrado no mundo para os muçulmanos.
Os jovens palestinos começaram a jogar pedras e fogos de artifício nos policiais que protegiam os visitantes judeus, disse a porta-voz da polícia, Louba Samri.
As forças de segurança usaram balas de borracha e bombas de efeito moral para afastar os manifestantes da mesquita Al-Aqsa. Vídeos gravados por pessoas no local mostram o uso de balas de borracha pela polícia e, em seguida, fiéis muçulmanos retirando os estilhaços das janelas quebradas.
A Esplanada das Mesquitas (Monte do Templo para os judeus) é cenário de frequentes confrontos. Nos últimos meses, Jerusalém Oriental registrou um aumento dos episódios de violência.
As tensões foram exacerbadas pelo assassinato de um jovem palestino por extremistas judeus no início de julho e pela guerra na Faixa de Gaza, em julho e agosto, que matou mais de 2.100 palestinos, em sua grande maioria civis, e mais de 70 israelenses, incluindo 66 soldados.
Muitos muçulmanos também ficaram revoltados com das declarações de alguns integrantes da maioria governamental sobre a possibilidade de conceder aos judeus o direito de rezar na Esplanada das Mesquitas.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, divulgou instruções contra os manifestantes na terça-feira, antes do feriado judaico do Sucot (cabanas) que começa nesta quarta-feira.
"A situação atual não deve ser regra", disse, segundo seu gabinete. Os judeus são autorizados a visitar o local durante um período limitado e sob rígida vigilância, mas não têm o direito de rezar para evitar qualquer provocação.
A esplanada, que reúne a mesquita Al-Aqsa e o Domo da Rocha, é o terceiro local mais sagrado do Islã, depois de Meca e Medina, na Arábia Saudita. Para os judeus, este é o local do segundo templo destruído no ano 70 pelos romanos. O Muro das Lamentações, vestígio do segundo templo, fica abaixo da esplanada.
Considerada uma provocação, a visita de Ariel Sharon à Esplanada das Mesquitas em 28 de setembro de 2000 coincidiu com a data de início da segunda Intifada e de vários anos de revolta palestino.
Incidentes são comuns quando os judeus seguem para a Esplanada e começam a realizar seus ritos. Num contexto de discórdia aparentemente insuperável após anos de esforços inúteis para tentar resolver o conflito israelense-palestino, o presidente palestino Mahmud Abbas acusou o governo israelense de promover deliberadamente a visita de extremistas judeus à Esplanada.
"Os ataques contra a sagrada Mesquita de Al-Aqsa está crescendo, liderados pelos colonos e os extremistas judeus e patrocinados pelo governo israelense", afirmou em um comunicado, noa qual defende o direito de resistência.
Azzam al-Khatib, diretor da fundação religiosa que administra o local e que controla a Jordânia, pediu à polícia para que impedisse a visita de judeus por medo de incidentes com muçulmanos que passaram toda a madrugada na mesquita. "Mas a polícia se recusou a agir, e este é o resultado", disse à AFP.