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Membro da junta eleitoral da consulta independentista catalã renuncia

"Não posso apoiar uma consulta que, a meu ver, não oferece garantias democráticas", anunciou Joaquim Brugué em sua conta do Twitter

Barcelona - Um dos membros da recém-criada junta eleitoral da consulta sobre a independência da Catalunha renunciou ao seu cargo ao entender que a votação, suspensa de forma cautelar pela justiça espanhola, não oferece garantias democráticas.

"Não posso apoiar uma consulta que, a meu ver, não oferece garantias democráticas", anunciou no domingo em sua conta do Twitter o catedrático de ciência política Joaquim Brugué, um dos sete membros nomeados para a comissão de controle encarregada de supervisionar a votação prevista para 9 de novembro.

"Parece-me que estaríamos provocando mais danos que benefícios se realizássemos a consulta nestas condições", explicou nesta segunda-feira o catedrático em uma entrevista à rádio regional Rac1.

A nomeação e a criação desta comissão, com as funções próprias de uma junta eleitoral, geraram polêmica nesta região do nordeste da Espanha ao ocorrer uma vez que o Tribunal Constitucional havia suspendido cautelarmente a lei de consultas e o decreto de convocação aceitando um recurso do governo espanhol.

Até que os magistrados se pronunciem definitivamente sobre a questão, a sentença também proíbe qualquer ato de preparação para 9 de novembro.

Ainda assim, na quinta-feira passada o presidente catalão Artur Mas assinou o decreto de criação desta comissão, que entrou em vigor um dia após a publicação no diário oficial do governo regional da Catalunha.



Poucas horas depois, enquanto os partidos pró-consulta catalães decidiam manter de pé a convocação de uma reunião, o governo espanhol de Mariano Rajoy anunciou que impugnaria a constituição desta comissão ante a justiça.

Ao contrário do governo britânico, que em 18 de setembro permitiu o referendo no qual a Escócia optou pelo "não" à independência, Madri se opõe firmemente à realização da consulta catalã.

Em sua opinião, esta região norte-oriental de 7,5 milhões de habitantes, com um quinto da riqueza nacional e uma forte identidade cultural, não pode se pronunciar unilateralmente sobre esta questão, já que a soberania nacional recai sobre o conjunto da população espanhola.