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Líderes de protestos em Hong Kong aceitam negociar com governo

Segundo comunicado do governo, a Federação dos Estudantes de Hong Kong se reunirá com a secretária de Estado Carrie Lam

Hong Kong - Os líderes estudantis do movimento pró-democracia em Hong Kong concordaram nesta sexta-feira (3/10) em discutir com o governo suas reivindicações, mas garantiram que a renúncia do chefe do Executivo da cidade é "uma questão de tempo".

"A Federação dos Estudantes de Hong Kong participará de uma reunião pública com a secretária de Estado Carrie Lam", declarou o grupo em um comunicado depois de o chefe do Executivo, Leung Chun-ying, ter estendido sua oferta de diálogo.

No entanto, o grupo afirmou que a renúncia de Leung é "uma questão de tempo", criticando fortemente a sua decisão de permitir que a Polícia usasse gás lacrimogêneo contra manifestantes pacíficos no início desta semana.

"Leung já perdeu toda a sua integridade e traiu a confiança do povo. Ele não apenas negou ao povo uma reforma política genuína, como também ordenou um violento ataque contra manifestantes pacíficos com gás lacrimogêneo. Sua renúncia é apenas uma questão de tempo", afirmou a federação.


"O povo de Hong Kong deve manter o movimento de ocupação até que haja um sufrágio universal genuíno."

A Federação dos Estudantes de Hong Kong é um dos vários grupos que organizam os protestos chamados de "Revolução dos Guarda-Chuvas" depois que guarda-chuvas foram usados pelos manifestantes para se protegerem do sol forte, da chuva e do gás lacrimogêneo.

Não renunciarei

Leung Chun-ying convocou uma coletiva para afirmar que "não renunciarei porque tenho que continuar com o trabalho" da reforma eleitoral.

Mas Leung convidou a Federação de Estudantes para o diálogo e designou sua número dois, Carrie Lam, para liderar as negociações sobre a "evolução de questões constitucionais".

A mobilização pró-democrática de Hong Kong ganhou intensidade depois que as autoridades pediram a dispersão rápida dos manifestantes e após a divulgação de imagens de policiais usando bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha.

Os manifestantes mantinham paralisadas várias vias centrais desta praça financeira mundial, e ameaçavam endurecer seu movimento se Leung Chun-ying não renunciar.

Os manifestantes consideram o chefe do governo local um fantoche de Pequim, que nesta quinta-feira manifestou seu apoio ao líder de Hong Kong.

"O governo central segue apoiando de forma firme" a administração de Leung Chun-ying, e "a gestão destas atividades ilegais por parte da polícia do território, no âmbito da lei", escreveu em sua primeira página o Diário do Povo, órgão do Partido Comunista da China.

Tensão aumenta

No entanto, a tensão aumentou nesta quinta-feira com a divulgação nas redes sociais e na televisão de imagens de policiais se abastecendo com um barril de balas de borracha e de outro que poderia conter bombas de gás lacrimogêneo.

"Quando mais gente estiver aqui, mais seguros estaremos", disse à AFP Heiman Chan, de 25 anos, que compareceu à manifestação diante da sede do governo e do Conselho Legislativo após ver essas imagens no Facebook.

"Não deixaremos este lugar por nada no mundo. Se usarem bombas de gás lacrimogêneo, sairemos e ocuparemos outro lugar. E se usarem balas de borracha correremos um pouco mais rápido", acrescentou.

A campanha de desobediência civil em Hong Kong, realizada há semanas, intensificou-se no domingo levando dezenas de milhares de pessoas às ruas.

Os manifestantes denunciam uma intromissão crescente de Pequim, exigem um sufrágio universal pleno e rejeitam o controle das autoridades chinesas sobre os candidatos a chefe do governo local nas eleições de 2017.

O governo chinês tenta de todas as formas evitar a propagação de uma onda pró-democrática no país. O Partido Comunista endureceu a censura sobre as redes sociais e apresenta o movimento de Hong Kong como um grupo de extremistas que viola a lei.

A União Europeia manifestou preocupação com a situação em Honk Kong nesta quinta-feira e pediu moderação a todas as partes.

O ministro chinês das Relações Exteriores, Wang yi, advertiu que os Estados Unidos não devem se envolver na crise, destacando que "os assuntos de Hong Kong são assuntos internos da China" durante um encontro com o secretário americano de Estado, John Kerry, em Washington.