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Karadzic não estava a par do massacre de Srebrenica, afirma advogado

Segundo a acusação, a matança era parte de um plano de limpeza étnica na Bósnia, idealizado por Karadzic, pelo general Ratko Mladic e o ex-presidente iugoslavo Slobodan Milosevic

Haia - O ex-líder político dos sérvios da Bósnia Radovan Karadzic não estava a par do massacre de Srebrenica em julho de 1995, afirmou seu assessor jurídico no julgamento por genocídio no Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia (TPII).

"Não existe a mínima prova que demonstre que o doutor Karadzic tenha planejado ou ordenado a execução de prisioneiros, nem sequer de que estivesse a par", afirmou Peter Robinson, conselheiro do acusado, nas alegações ao TPII, que tem sede em Haia.

"Na verdade, esconderam dele estes fatos. Portanto, não é culpado de genocídio", completou Robinson. Karadzic, de 69 anos, é acusado pelo massacre de quase 8.000 homens e crianças muçulmanas pelas forças sérvio-bósnias em julho de 1995 em Srebrenica, no maior massacre cometido na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

Segundo a acusação, a matança era parte de um plano de limpeza étnica na Bósnia, idealizado por Karadzic, pelo general Ratko Mladic e o ex-presidente iugoslavo Slobodan Milosevic depois do desmantelamento da Iugoslávia em 1991.

De acordo com a acusação, o objetivo era expulsar dos territórios os muçulmanos, croatas e outros habitantes que não eram sérvios para criar um Estado sérvio etnicamente puro.

Karadzic recebeu 11 acusações de genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra supostamente cometidos durante o conflito da Bósnia, que deixou quase 100.000 mortos e 2,2 milhões de deslocados entre 1992 e 1995.



O veredicto só deve ser anunciado em outubro de 2015. A acusação pede prisão perpétua para Karadzic, que é responsável pela própria defesa, mas conta com a ajuda de um conselheiro jurídico e se declara inocente.

Na quarta-feira, no primeiro dia das alegações, Karadzic disse que era um "amigo dos muçulmanos". Na abertura do julgamento, em março de 2010, chamou de "mito" o massacre de Srebrenica.