Genebra - Um número recorde de imigrantes, mais de 3.000, morreram no Mediterrâneo desde janeiro, mais que o dobro durante o pico de 2011, ano da Primavera Árabe, informou nesta segunda-feira a Organização Internacional para as Migrações (OIM). Há 20 anos, atravessar o Mediterrâneo é a jornada mais mortífera para os imigrantes ilegais. Desde o início do ano, a OIM registrou a morte de 4.077 imigrantes irregulares no mundo, desses 3.072 apenas no Mediterrâneo.
Para o Mediterrâneo, "2014 foi o ano mais letal", bem à frente do pico de 2011, quando foram registradas 1.500 mortes (contando os primeiros nove meses do ano). A maioria dos imigrantes que morreram às portas da Europa - felecidos por afogamento, asfixia, fome ou frio - eram originários da África e do Oriente Médio, de acordo com estatísticas divulgadas pela OIM, uma organização internacional com sede em Genebra, independente das Nações Unidas, que conta com 156 países membros.
[SAIBAMAIS]"Há um ano, o mundo assistia com horror a morte de cerca de 360 imigrantes que tentavam nadar até a costa da ilha italiana de Lampedusa. Infelizmente, o horror parece não acabar: até 500 imigrantes morreram ao longo de Malta, algumas semanas antes da publicação deste relatório", indicou o diretor-geral da OIM, William Lacy swing.
No total, pelo menos 40 mil imigrantes morreram em todo o mundo desde 2000 tentando entrar na Europa, Estados Unidos, Austrália e outros países. Mas os números reais são mais elevados, porque muitas mortes ocorrem em áreas remotas e não são relatadas, de acordo com a OIM. "Há um ano, o aumento do número de mortes foi devido principalmente ao aumento das mortes no Mediterrâneo", explica a OIM, que reconhece não compreender muito bem esta tendência.
Isto "reflete, provavelmente, um aumento dramático no número de imigrantes que tentam chegar à Europa. Mais de 112 mil imigrantes em situação irregular foram detectados pelas autoridades italianas nos primeiros oito meses de 2014, quase três vezes mais do que em todo ano de 2013", considera a IOM.
Muitos desses imigrantes fogem de conflitos, perseguições e pobreza em seus países natais. O maior número de imigrantes que chegou à Itália este ano foram os sírios, cujo país foi devastado por uma guerra que já dura mais de três anos e meio, e eritreus, que fogem do seu país para escapar da repressão brutal do poder, do serviço milita, e do trabalho forçado, não remunerado e por tempo indeterminado.
A deterioração da situação na Líbia, onde um grande número de imigrantes esperam pacientemente por semanas ou meses antes de tentar atravessar o Mediterrâneo, também levou muitos imigrantes a decidir empreender a perigosa viagem pelo Mediterrâneo, de de acordo com a OIM. Desde 2000, mais de 22.000 imigrantes morreram no Mediterrâneo. Além disso, desde 1996, 1.790 imigrantes morreram cruzando o Saara.
Em outras partes do mundo, mais de 6.000 imigrantes morreram desde 1998 por cruzar a fronteira entre o México e os Estados Unidos. E cerca de 1.500 imigrantes morreram ao tentar chegar à Austrália desde 2000.