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Jihadistas suspendem bombeamento de petróleo na Síria por medo de ataques

Com exceção do campo de Coneco, que fornece o gás necessário para a produção de energia elétrica de seis províncias, todos os campos estão parados

Damasco. Os jihadistas pararam de extrair petróleo em seis campos que controlam em Deir Ezzor, no leste da Síria, por medo dos bombardeios americanos, privando o grupo Estado Islâmico (EI) de uma importante fonte de renda, informaram nesta sexta-feira habitantes da zona.

A Turquia, por sua vez, deu a entender que pode se unir à coalizão militar liderada pelos Estados Unidos que realiza estes bombardeios na Síria e no Iraque, enquanto o Reino Unido autorizou ataques contra o EI em solo iraquiano."A extração do petróleo parou devido à situação de insegurança. Todos os campos estão parados com exceção do de Coneco, que fornece o gás necessário para o fornecimento elétrico de seis províncias", afirmou à AFP Leith al-Deiri, que vive na cidade de Deir Ezzor.

[SAIBAMAIS]
"A extração nos campos foi suspensa temporariamente. Não há intermediários nem clientes que se dirijam aos campos porque têm medo dos bombardeios", disse Rayan al-Furati, que deixou Deir Ezzor há dez dias, mas segue em contato com os habitantes da província. "Antes havia muita gente e era preciso esperar quatro dias para ser atendido de tão forte que era a demanda", acrescentou, ressaltando que "nenhum dos campos sofreu danos porque os ataques da coalizão se concentraram nas refinarias".



Desde julho, o EI controla a maioria da província petrolífera de Deir Ezzor e a maior parte dos campos petrolíferos da região, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), uma ONG com sede na Grã-Bretanha. O EI produz mais petróleo que o governo sírio. O ministério do Petróleo sírio estima que os jihadistas extraem 80.000 barris diários, enquanto a produção governamental caiu a 17.000 barris diários. Valérie Marcel, uma pesquisadora associada ao instituo Chatham House de Londres, afirma que o EI só produz 50.000 barris diários no Iraque e na Síria.

Importante fonte de renda

O objetivo dos ataques contra as refinarias é cortar uma das principais fontes de renda dos jihadistas que, segundo os especialistas, podem estar obtendo de 1 a 3 milhões de dólares por dia com a venda de petróleo contrabandeado a intermediários de países vizinhos.

Neste contexto, o Parlamento britânico autorizou o governo a se somar à ofensiva aérea no Iraque, uma campanha que pode durar anos, alertou o primeiro-ministro David Cameron. Os deputados deram sua autorização por 524 votos a favor e 43 contra. Vários países europeus anunciaram um maior envolvimento na ofensiva contra os jihadistas. Holanda e Bélgica colocaram a disposição da coalizão aviões de combate F-16, enquanto Austrália e Grécia anunciaram a entrega de material militar aos combatentes curdos no Iraque. Já o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmou nesta sexta-feira que a posição de seu país sobre a luta contra o EI havia mudado após a libertação de um grupo de reféns turcos, dando a entender que poderia se unir à coalizão militar internacional contra o grupo jihadista.

Na fronteira da Turquia com a Síria, centenas de curdos derrubaram a cerca que separa os dois países e entraram em território sírio com o objetivo de se unir às forças curdas que enfrentam os jihadistas, constatou a AFP. Segundo os serviços secretos americanos, mais de 15.000 combatentes de mais de 80 países diferentes se uniram às fileiras dos grupos jihadistas no Iraque e na Síria. Neste sentido, o Conselho de Segurança das Nações Unidas convocou na quarta-feira os Estados, que temem atentados no retorno destes combatentes ao seu território, a impedir seus cidadãos de se inscrever nestes grupos extremistas.