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ONU realiza cúpula para relançar luta contra mudanças climáticas

Nesta reunião anúncios de compromissos que facilitarão finalmente a obtenção de um acordo concreto na conferência de 2015, algo que não ocorreu em Copenhague-2009


Nova York
- Mais de 120 chefes de Estado e de governo participarão nesta terça-feira (22/9), em Nova York, de uma cúpula das Nações Unidas que busca dar um novo impulso às negociações internacionais para limitar o aquecimento global, antes da conferência crucial de Paris, em 2015. Está previsto que nesta reunião anúncios de compromissos que facilitarão finalmente a obtenção de um acordo concreto na conferência de 2015, algo que não aconteceu em Copenhague-2009.

Segundo a ONU, trata-se da maior concentração de líderes já realizada sobre este tema. "É preciso agir urgentemente: quanto mais esperarmos, mais pagaremos em vidas humanas e em dinheiro perdido", considera o secretário-geral, Ban Ki-moon. O objetivo das negociações é limitar o aquecimento global a dois graus Celsius com relação à era pré-industrial. No entanto, muitos cientistas afirmam que, diante dos níveis de emissões de gases de efeito estufa, as temperaturas terão aumentado ao fim do século XXI em mais de quatro graus em relação à era pré-industrial.

Caso seja alcançado um acordo em Paris, ele entrará em vigor até 2020. "Nova York é uma oportunidade única para medir a vontade de uns e outros de agir", explicou a responsável em clima da ONU, Christiana Figueres. Ela não espera que muitos países coloquem sobre a mesa compromissos com números, mas ressalta que todos os atores importantes estarão presentes: governos, municípios, empresas, companhias financeiras e ONGs.



A atenção se concentrará nos grandes países emergentes, em primeiro lugar China e Índia, que são, junto com os Estados Unidos, os maiores emissores de gases de efeito estufa. Pequim e Nova Délhi resistem em reduzir suas emissões porque não querem desacelerar seu crescimento, e insistem para que as nações mais industrializadas paguem a maior parte da conta. Enquanto o presidente americano, Barack Obama, confirmou sua presença em Nova York, a China enviará apenas um vice-primeiro-ministro, Zhang Gaoli, e a Índia seu ministro da Ecologia.

Os erros de Copenhague


Mary Robinson, enviada especial da ONU para a luta contra as mudanças climáticas, destacou, no entanto, que Zhang Gaoli "é o terceiro responsável em importância do Estado e a mais alta autoridade em clima e desenvolvimento". Robinson convoca a mudar a direção para resolver o problema mais urgente do planeta e espera na cúpula compromissos políticos e iniciativas concretas, assim como uma declaração sobre tarifas para o dióxido de carbono ou parcerias na agricultura e nas obrigações ecológicas.

Para Robert Orr, secretário-geral adjunto da ONU encarregado de preparar o encontro, Nova York não repetirá os erros da cúpula de Copenhague em 2009, na qual os chefes de Estado e de governo só foram convocados no último minuto. Orr também celebrou a presença maciça de responsáveis de empresas que "já lançaram a corrida dos investimentos". Haverá 250 presidentes de companhias em Nova York. A ONU prevê três sessões plenárias paralelas. Ban Ki-moon fará um resumo ao fim da tarde com os resultados obtidos, que serão integrados nas próximas reuniões, em dezembro em Lima e depois em Paris.

A cúpula foi precedida no domingo por mobilizações em várias cidades do mundo, entre elas Nova York, onde uma passeata histórica reuniu 310 mil manifestantes, segundo os organizadores. Ao som de bandas e exibindo flores gigantes, astros de Hollywood, políticos, ativistas e estudantes participaram na cidade americana da Marcha do Povo pelo Clima, que se tornou a maior da História, afirmou a organização.

Um Leonardo Di Caprio de barba espessa, óculos de sol e boina foi o astro do protesto em Manhattan, do qual também participaram o ex-vice-presidente americano Al Gore, Ban Ki-Moon e o prefeito de Nova York, Bill de Blasio. No total, 2.808 eventos aconteceram em 166 países, entre eles mobilizações simultâneas organizadas em Londres, Paris, Berlim, Rio de Janeiro, Istambul e Bogotá.