Istambul - Quarenta e nove turcos foram libertados neste sábado após três meses de sequestro no Iraque, mantidas sob cativeiro do grupo Estado Islâmico (EI), que avançou na Síria e obrigou dezenas de milhares de curdos a buscar refúgio na Turquia. O governo da Turquia anunciou a libertação dos 49 cidadãos capturados pelo EI em 11 de junho durante a tomada do consulado geral turco em Mossul, nos primeiros dias da ofensiva dos jihadistas no norte do Iraque.
O primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, anunciou que os reféns já estão no país. Entre as vítimas estavam o cônsul geral e sua esposa, vários diplomatas e seus filhos, e integrantes das forças especiais turcas. Desde junho, as autoridades turcas afirmavam manter "contatos" para obter a libertação dos compatriotas.
O governo conservador islâmico turco apoia a oposição ao presidente sírio Bashar al-Assad e, em várias ocasiões, foi acusado de armar grupos islamitas hostis ao regime de Damasco, como o EI. Ancara nega. A Turquia se recusou a participar nas operações militares organizadas pela coalizão que combate os jihadistas, alegando que priorizava a proteção da vida dos reféns. Uma explicação que gerou suspeitas. Quase 40 países decidiram participar, de uma ou outra maneira, na coalizão contra o Estado Islâmico.
Avanço fulgurante na Síria
Em dois dias, o grupo sunita extremista conseguiu um avanço significativo no norte da Síria, com o controle de 60 localidades curdas nas imediações de Ain al-Arab (Koban em idioma curdo), afirmou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
Por medo das atrocidades cometidas pelo EI, quase 45 mil curdos buscaram refúgio na Turquia desde quinta-feira, anunciou o vice-primeiro-ministro turco, Numan Kurtulmus. Outros milhares permaneciam na fronteira.
[SAIBAMAIS] O OSDH informou que pelo menos 18 jihadistas morreram durante a noite nos combates com as forças curdas. Os confrontos prosseguiam neste sábado. Segundo o OSDH, pelo menos 300 combatentes curdos entraram na Síria a partir da Turquia e se uniram às milícias curdas YPG em Koban para combater o EI. "Não temos informações sobre o destino de 800 habitantes destas localidades", afirmou a ONG.
Um deslocado afirmou ao canal Haber-Türk que os jihadistas mataram várias pessoas e cometeram estupros.
Reforço da luta contra o EI
Diante da ofensiva do EI, o Conselho de Segurança da ONU pediu à comunidade internacional que reforce o apoio ao governo iraquiano. O secretário de Estado americano, John Kerry, espera derrotar a organização jihadista com a "campanha mundial" iniciada por seu país. Ele chegou a declarar que o Irã, que já foi considerado o inimigo número um de Washington, tem um "papel" a desempenhar contra o EI, mas não explicou qual seria.
A coalizão mobilizada por Washington ganhou força nas últimas 48 horas com os primeiros bombardeios franceses no Iraque e a aprovação do Congresso americano para ajudar os rebeldes na Síria.
O EI estaria integrado por 35.000 homens na Síria e no Iraque. O grupo já cometeu uma série de atrocidades nas regiões sob seu controle nos últimos meses, além de ter reivindicado a decapitação de três reféns ocidentais. Os países ocidentais temem o retorno dos jihadistas que combateram na Síria e no Iraque.
Os serviços de inteligência estrangeiros interceptaram uma conversa em árabe sobre um possível ataque ao Vaticano, informa um jornal italiano. A imprensa belga afirma que as autoridades do país impediram vários atentados.
Neste contexto, as autoridades da Albânia organizam um dispositivo de segurança reforçada para a visita do papa Francisco ao país, no domingo.