Washington - O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, afirmou nesta quinta-feira (18/9) ante o Congresso dos Estados Unidos que a agressão da Rússia contra seu país representa uma ameaça à segurança mundial e pediu mais apoio militar e políticos através de um estatuto de aliado não membro da Otan. "Se não forem freados agora, eles cruzarão as fronteiras europeias e se expandirão por todo o mundo", afirmou, pedindo que Washington e a Europa não abandonem a Ucrânia frente à Rússia.
O ministro russo da Defesa, Serguei Shoigu, havia anunciado anteriormente que Moscou planejava reforçar seu dispositivo militar na zona da Crimeia devido ao agravamento da crise na Ucrânia e ao aumento de forças estrangeiras perto da fronteira russa. Kiev teme a criação de uma zona sob controle dos separatistas pró-russos desde a fronteira entre Rússia e Ucrânia, a leste, até a fronteira com a Crimeia, ao sul. Segundo a Otan, a Rússia mobilizaria 20.000 soldados em sua fronteira com a Ucrânia e também contaria com outros 1.000 militares no leste do país.
Os países ocidentais, que adotaram sanções especialmente contra o setor energético e bancário russo, acusam a Rússia de apoiar militarmente os separatistas pró-russos, alegações que Moscou desmente. Nesse sentido, o presidente russo, Vladimir Putin, indicou nesta quinta-feira que estas sanções violam os princípios da Organização Mundial do Comércio (OMC). A Comissão Europeia, por sua vez, negou-se a comentar nesta quinta-feira informações da imprensa segundo as quais Putin teria advertido que as tropas russas, se ele quisesse, poderiam "não apenas estar em Kiev em dois dias, mas também em Riga, Vilnius, Tallin, Varsóvia ou Bucareste".
"Não fazemos diplomacia através da imprensa, e não discutimos fragmentos de uma conversa confidencial", indicou a porta-voz da Comissão, Pia Ahrenkilde-Hansen. O jornal alemão Suddeutsche Zeitung informou nesta quinta-feira que o presidente Poroshenkoo contou ao presidente da Comissão, José Manuel Barroso, na última sexta-feira que Putin fez este comentário em uma conversa recente.
Aproximação com o Ocidente
Após sua eleição como presidente, há cinco meses, Poroshenko multiplica os gestos simbólicos e políticos para ancorar Kiev na Europa e para tentar colocar fim a um conflito com os separatistas pró-russos no leste da Ucrânia, onde mais de 2.900 pessoas morreram em cinco meses. Nos Estados Unidos, o presidente ucraniano busca obter um status especial de aliado não membro da Aliança Atlântica, uma perspectiva vista com maus olhos por Moscou.
Este encontro crucial com Obama, que representa um novo gesto de aproximação desta ex-república soviética com o Ocidente, ocorre após a ratificação na terça-feira pelo Parlamento ucraniano do Acordo de Associação com a União Europeia. As leis adotadas na terça-feira, elogiadas por UE, Estados Unidos, OSCE e Moscou, também concretizaram o que havia sido estabelecido no protocolo de Minsk, assinado em 5 de setembro, entre os separatistas e Kiev. Os parlamentares ucranianos acordaram um status especial para as regiões separatistas de Donetsk e Lugansk, assim como a realização de eleições no dia 7 de dezembro e uma lei de anistia com condições para os combatentes.
Até o momento, os separatistas parecem ter ignorado a mão estendida das autoridades ucranianas, apesar de terem ratificado o acordo de Minsk. Uma nova rodada de negociações para buscar uma solução para a crise ucraniana irá ocorrer em Minsk na sexta-feira, informou nesta quninta-feira o ministério das Relações Exteriores de Belarus. Apesar do cessar-fogo alcançado no dia 5 de setembro, os confrontos esporádicos prosseguiam nesta quinta-feira. Três salvas de foguetes Grad, lançadas aparentemente pelo exército ucraniano contra posições rebeldes, caíram na localidade de Zuivka, a leste de Donetsk.