Cabul - Um atentado suicida talibã matou dois soldados americanos e um polonês da Otan nesta terça-feira no centro de Cabul, no primeiro ataque em várias semanas na capital do Afeganistão, paralisada politicamente pela polêmica sobre o resultado da eleição presidencial.
A explosão, que deixou 15 feridos, sacudiu Cabul às 8H00 (0H30 de Brasília), em um horário de muito trânsito na estrada que vai até o aeroporto da cidade, perto do bairro onde ficam a embaixada dos Estados Unidos e outros edifícios oficiais.
"Foi um atentado suicida com carro-bomba contra um comboio da Otan", declarou Hashmat Stanikzai, porta-voz da polícia de Cabul. "Três membros da Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf) da Otan morreram em um ataque do inimigo", afirma um comunicado da Força, que não revela, como é habitual, a nacionalidade das vítimas
Mas uma fonte do Pentágono, que pediu anonimato, afirmou que dois soldados mortos eram americanos. As Forças Armadas da Polônia confirmaram que a terceira vítima fatal era um de seus soldados. No local do atentado, soldados americanos e poloneses da Isaf ajudavam os feridos.
A explosão de grande potência, que disparou as sirenes de alerta da embaixada americana, destruiu pelo menos um dos veículos do comboio. O atentado foi reivindicado com uma mensagem no Twitter pelos talibãs, que lutam desde o fim de 2001 contra o governo afegão e seus aliados da Otan, liderados por Washington.
A Isaf, que conta com 41.000 soldados, entre eles 29.000 americanos e 300 poloneses, deve retirar todas as tropas de combate do país até o fim de 2014, após 13 anos de presença que não permitiram vencer a rebelião dos talibãs.
A explosão aconteceu em meio às negociações entre os dois candidatos à presidência do Afeganistão. A eleição aconteceu em junho, mas o país ainda não conhece o sucessor de Hamid Karzai. O candidato Abullah Abdullah voltou a declarar vitória na segunda-feira ante Ashraf Ghani, o que jogou por terra as esperanças de que a atual recontagem dos votos permitiria superar em breve a crise.
O bloqueio persistente entre os dois candidatos sobre os resultados do segundo turno alimenta o temor da violência político-étnica e aumenta o risco de que os talibãs ganhem espaço ante forças afegãs consideradas frágeis sem o apoio das tropas da Otan.
Washington espera um sucessor oficial para Karzai para que Cabul assine um Acordo Bilateral de Segurança (BSA), que permitirá a manutenção de uma presença militar americana após a retirada das tropas da Otan ao fim do ano