Berlim - A chanceler alemã, Angela Merkel, convocou uma luta contra o antissemitismo em um comício que reuniu milhares de pessoas neste domingo em Berlim, condenando novamente as declarações hostis aos judeus realizadas em manifestações pró-palestinas durante a ofensiva israelense em Gaza.
O evento ocorreu 75 anos após o início da Segunda Guerra Mundial, durante a qual o regime nazista de Adolf Hitler matou seis milhões de judeus, e coincidiu com um encontro do Congresso Judeu Mundial (CJM) na capital alemã.
"A luta contra o antissemitismo é nosso dever, como Estado e como cidadãos", declarou a chanceler durante o comício, organizado pelo Conselho Central dos Judeus na Alemanha, a poucas centenas de metros do Memorial do Holocausto.
Com bandeiras israelenses e alemãs, assim como com cartazes que diziam "Ergam-se! Nunca mais ódio contra os judeus", 4.000 pessoas, segundo a polícia, participaram do evento.
Em julho, após o lançamento da ofensiva israelense em Gaza, a chanceler condenou gritos ouvidos em manifestações pró-palestinas, que diziam que os judeus deveriam ser mortos com gás ou que "os sionistas são fascistas, matam crianças e civis".
Merkel havia afirmado que estas "declarações são um ataque à liberdade e à tolerância e uma tentativa de atentar contra nossos valores democráticos".
Neste domingo, Merkel classificou de escândalo terrível o insulto de judeus na Alemanha. "A Alemanha é consciente de sua eterna responsabilidade pela ruptura da civilização chamado Shoah", disse.
"Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, a Alemanha apoiou o renascimento da comunidade judaica", declarou o presidente da CJM, Ronald Lauder.
O CJM declarou ter escolhido Berlim para seu encontro anual antes da ofensiva israelense em Gaza, com o objetivo de destacar "o renascimento judeu na Alemanha" e honrar o país por seu apoio ao Estado de Israel.
Cerca de 200.000 judeus vivem neste país, a terceira comunidade judaica na Europa depois da Grã-Bretanha e da França.
Muitos líderes políticos de diferentes tendências políticas, da esquerda radical aos conservadores, assim como a maioria dos membros do governo federal alemão, participaram do evento, junto com representantes católicos e protestantes.
"Foram justificadas as explosões antissemitas pelo conflito em Gaza. Mas qual é a conexão? Quem se tornou antissemita por culpa de Israel já era antes", afirmou o presidente do Conselho Central dos Judeus na Alemanha, Dieter Graumann, referindo-se aos 50 dias de guerra que deixaram mais de 2.140 mortos do lado palestino e 73 do lado israelense neste verão (do hemisfério norte).
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Segundo o rabino Daniel Alter, que tem a seu cargo temas vinculados ao antissemitismo na comunidade judaica de Berlim, o antissemitismo aumentou sensivelmente na Alemanha nos últimos anos, embora seja menor que na Grécia, Hungria ou França.
Alter lembrou um estudo pedido pelo governo em 2011, segundo o qual 25% dos alemães têm um sentimento antissemita latente, superior aos 5% ou 10% que fazem abertamente comentários antissemitas.