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Kiev acusa insurgentes pró-russos de colocar em risco processo de paz

Ataques contra posições ucranianas foram intensificados, apesar do cessar-fogo em vigor desde o dia 5

Kiev - Um porta-voz militar ucraniano acusou neste domingo os insurgentes pró-russos do leste separatista de colocar em risco o processo de paz, ao intensificar seus ataques contra posições ucranianas, apesar do cessar-fogo em vigor desde o dia 5.

"Os atos dos terroristas ameaçam a realização do plano de paz do presidente ucraniano", Petro Poroshenko, declarou este porta-voz, Volodymyr Poliovy, declarando que os insurgentes estavam atacando postos de controle do exército.

O porta-voz apoiou suas afirmações citando as declarações de um líder rebelde, Bori Litvinov.


[SAIBAMAIS]Litvinov declarou neste domingo que os dois representantes dos insurgentes que assinaram o acordo de trégua, no dia 5 de setembro em Minsk, só agiam na qualidade de observadores.

O primeiro-ministro da autoproclamada República Popular de Donetsk, Alexander Zajarchenko, e o da igualmente autoproclamada República Popular de Lugansk, Igor Plotnitsky, "não eram participantes diretos do encontro. Eram observadores", declarou Litvinov, citado pela agência russa Interfax.

Ao assinar o acordo de cessar-fogo, estes dois líderes separatistas simplesmente confirmaram que tomaram nota do documento, segundo a versão de Litvinov.

O protocolo de cessar-fogo, de 12 pontos, também foi assinado pela representante da OSCE, Heidi Tagliavini, pelo ex-presidente ucraniano Leonid Kuchma e pelo embaixador russo na Ucrânia, Mikhail Zurabov.

Em terra, ocorria um violento duelo de artilharia pesada, com até 20 disparos por minuto, na zona do aeroporto de Donetsk (leste), um lugar estratégico controlado pelos militares ucranianos, constatou a AFP. Uma enorme coluna de fumaça negra se erguia sobre o aeroporto.

Os rebeldes disparavam a partir de uma zona residencial e as forças armadas respondiam do aeroporto, constatou a AFP.

O acordo de paz com mediação europeia alcançado na semana passada entre Kiev e os dois principais grupos rebeldes pró-russos levou a calma a esta região chave economicamente, mas devastada pelo conflito.

Poroshenko inclusive havia saudado nesta semana uma mudança radical da situação após este acordo.

Mas em uma nova escalada diplomática o primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, acusou no sábado o presidente russo, Vladimir Putin, de manter deliberadamente o conflito que começou há cinco meses.

"Seu objetivo é tomar a Ucrânia inteira. Querem eliminar a Ucrânia como país independente", disse Yatseniuk em um fórum em Kiev, acusando Putin de querer "restaurar a União Soviética".

O conflito levou europeus e americanos a impor sanções econômicas contra a Rússia e desencadeou uma guerra comercial que o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, afirma que beneficia os Estados Unidos.

"Os Estados Unidos estão tentando usar a crise na Ucrânia para romper os laços econômicos entre a UE e a Rússia e forçar a Europa a comprar gás americano a preços mais alto", afirmou Lavrov no sábado em um comunicado.

Moscou também nega categoricamente a presença de suas tropas na Ucrânia e acusa Washington de ter fomentado os protestos do início do ano, que derrubaram o presidente pró-russo Viktor Yanukovytch e levaram ao poder um novo governo pró-ocidental.