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Referendo sobre independência mobiliza 4,3 milhões na Escócia

Especialistas apontam os desafios da secessão e admitem risco de onda separatista na Europa. Cidadãos contam ao Correio como votarão

Existe um ditado tradicional na Escócia que cairia bem para a semana mais decisiva da história do país: ;Whit;s for Ye will no; go by Ye; (;O que tiver que acontecer, vai acontecer;, na tradução livre). Na próxima quinta-feira, cerca de 4,3 milhões de escoceses (82% da população) vão às urnas para declarar se desejam a independência ou se mantêm o status quo de associação com o Reino Unido, em vigor desde a formação do parlamento da Grã-Bretanha, em 1707. Na sexta-feira, uma pesquisa encomendada pelo jornal britânico The Guardian mostrava que 51% dos cidadãos votariam pela não separação e 17% estavam indecisos. A sondagem sinalizou uma leve recuperação da parcela que vai marcar o ;não; para a questão ;Você está de acordo que a Escócia seja um país independente?;. Alex Salmond, chefe do governo local e líder do Partido Nacional Escocês, vislumbra um ;novo começo;. ;A Escócia está pronta para se unir à família de nações como uma parceira igual;, escreveu no microblog Twitter, na quinta-feira passada, horas antes de visitar sete cidades para pedir apoio.

O temor da secessão fez instituições financeiras deslocarem suas sedes para Londres, enquanto investidores escoceses transferiram bilhões de libras para a Inglaterra. Historiador da Universidade de Glasgow, Phillips O;Brien admite a importância do referendo. ;Talvez seja o voto mais crucial que os escoceses terão em várias gerações. Existe uma chance de vitória do ;sim;, mas as probabilidades ainda favorecem a permanência com o Reino Unido;, acredita. O governo britânico tem propagado o medo e adotado a emotividade para demover os escoceses de escolherem a independência. Londres alerta que uma Escócia autônoma teria dificuldades em lidar com as finanças e enfraqueceria a Grã-Bretanha.

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Para O;Brien, a retórica de 10 Downing Street se resume à questão do petróleo extraído do Mar Norte. ;Em termos per capita, os gastos do governo são maiores na Escócia do que no Reino Unido como um todo. Isso poderia ser mantido, a curto prazo, se houvesse receitas adicionais suficientes de petróleo naquela região;, explica. ;Quase todo o petróleo do Reino Unido está em águas territoriais escocesas. Caso a Escócia se torne independente, Londres teria de abandonar essa commodity;, acrescenta.

Nicola McEwen, especialista do Centro Escocês sobre Mudança Constitucional da Universidade de Edimburgo, analisa o referendo como ;uma celebração à democracia;. ;O governo do Reino Unido merece crédito por facilitar o processo;, opina. Ela prevê dificuldades para a Escócia, caso os secessionistas triunfem na quinta-feira. ;Um relatório independente sugere que o país pode enfrentar uma lacuna fiscal no começo da independência ; os compromissos de gastos podem ser maiores do que a própria receita;, explica.

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