Jerusalém - Israel pode ter cometido crimes de guerra durante o recente conflito na Faixa de Gaza, afirmou nesta quinta-feira (11/9) a ONG Human Rights Watch (HRW), um dia depois do anúncio israelense de investigações internas sobre possíveis erros de seus soldados.
A HRW investigou três incidentes nos quais Israel provocou "a morte de vários civis em violação às leis de guerra", afirma um comunicado da ONG de defesa dos direitos humanos.
As investigações estão vinculadas aos bombardeios, nos dias 24 e 30 de julho, de duas escolas da ONU ao norte da Faixa de Gaza, que abrigavam deslocados palestinos que fugiam da violência dos combates. A terceira diz respeito ao lançamento de um míssil teleguiado contra uma escola em Rafah.
Os ataques deixaram 45 mortos, incluindo 17 crianças, segundo a HRW. "Os dois primeiros ataques não envolviam alvos militares, foram ataques ilegalmente desproporcionais. O terceiro ataque, em Rafah, se não foi desproporcional foi, no mínimo, imprudente", afirma o comunicado. "Os ataques ilegais executados intencionalmente, portanto deliberadamente e de maneira imprudente, constituem crimes de guerra", completa a HRW.
O exército israelense abriu cinco investigações penais internas sobre possíveis erros de soldados cometidos durante o conflito (de 8 de julho a 26 de agosto). Uma das cinco investigações coincide com um dos incidentes investigados pela HRW, o bombardeio de 24 de julho contra uma escola da ONU ao norte do território palestino.
As outras quatro incluem um ataque aéreo contra uma praia ao norte de Gaza, que matou quatro crianças, a morte de uma mulher diante de casa, maus-tratos contra um prisioneiro e o roubo cometido por um soldado em uma casa palestina. "Israel tem um longo passivo de fracassos no que diz respeito a investigações confiáveis sobre seus crimes de guerra", afirma a HRW.
[SAIBAMAIS]Os palestinos ameaçam denunciar Israel por crimes de guerra no Tribunal Penal Internacional.
O Conselho de Direitos Humanos da ONU criou uma comissão para investigar as violações à lei humanitária internacional e às leis internacionais sobre direitos humanos nos territórios palestinos, em particular na Faixa de Gaza ocupada durante a guerra.
A ofensiva israelense provocou mais de 2.140 mortes entre os palestinos, em sua maioria civis. Do lado israelense morreram 67 soldados e seis civis.