Maputo - Recebido por milhares de partidários, Afonso Dhlakama, líder histórico da oposição moçambicana e ex-guerrilheiro, saiu nesta quinta-feira da clandestinidade para chegar a Maputo, capital de Moçambique, onde se reunirá na sexta-feira com o chefe de Estado para consolidar o cessar-fogo estabelecido em agosto.
O líder da Renamo, de 61 anos, chegou ao aeroporto da capital, segundo um jornalista da AFP. Ele vai se reunir com o presidente Armando Guebuza na sexta-feira para selar o acordo de paz alcançado pelos negociadores de ambas as partes em 25 de agosto.
"Nós estávamos esperando por este momento há muito tempo", disse à AFP um partidário da Renamo, Elias Arnaldo.
A Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) era, originalmente, uma guerrilha antimarxista que lutou contra o governo da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) durante uma longa guerra civil que causou a morte de um milhão de pessoas entre 1977 e 1992. Durante o conflito armado, graves violações dos direitos humanos foram cometidas, incluindo o sequestro de crianças, usadas depois como escravas e soldados.
Mas as relações entre os dois campos se deterioram, com a Renamo acusando Frelimo de monopolizar o poder e a riqueza do país. Além dz anistia, o acordo de cessar-fogo assinado em 24 de agosto, na ausência de Dhlakama, inclui a integração dos homens da Renamo às forças de segurança nacionais.
Muitos temas espinhosos continuam sem solução à vista, entre eles o fato de muitos membros da oposição terem permanecido na ilegalidade. A Renamo, que luta para se tornar uma organização puramente civil, também obteve o direito de manter suas armas.
A multidão no aeroporto gritava o nome do líder, de volta após cinco anos de ausência. Em 2009, Dhlakama se estabeleceu na cidade de Nampula, no norte do país, depois de vários reveses eleitorais da Renamo contra a Frelimo, que ocupa o poder desde a independência de Moçambique em 1975.
Seu retorno ocorre com a aproximação das eleições marcadas para 15 de outubro, em que será candidato à Presidência. Seu último encontro com o presidente Guebuza tinha sido no final de 2011 em Nampula.
No encontro de sexta-feira no palácio presidencial os dois devem discutir as preocupações dos investidores internacionais, atraídos pelos enormes depósitos de gás de Moçambique.
"Estou muito otimista agora", disse à AFP o embaixador português em Moçambique, José Duarte. "Acredito que há um forte desejo de resolver os problemas de forma pacífica".