Kiev - O Exército da Ucrânia deixou nesta segunda-feira (1/9) o aeroporto de Lugansk (leste) após combates com os separatistas pró-russos, no momento em que Kiev advertia para uma "grande guerra" com a Rússia que pode causar dezenas de milhares de vítimas.
Representantes da Ucrânia, da Rússia, dos separatistas do leste ucraniano e da OSCE se reuniram nesta segunda-feira (1/9) em Minsk, capital de Belarus, um dia depois de o presidente russo, Vladimir Putin, ter esboçado pela primeira vez a ideia de dar uma "categoria de Estado" às regiões separatistas pró-russas da região.
A Ucrânia e as potências ocidentais acusam a Rússia de mobilizar tropas no leste da Ucrânia, o que Moscou nega.
Em um novo revés militar para Kiev, os militares ucranianos, submetidos a disparos de artilharia, bateram em retirada do aeroporto de Lugansk, declarou o porta-voz militar ucraniano Andrei Lysenko à imprensa.
"Pela precisão dos disparos, estão sendo feitos por militares das Forças Armadas russas", afirmou.
Lysenko também declarou que um barco da guarda costeira ucraniana havia afundado no domingo atingido por disparos, deixando dois marinheiros feridos e dois desaparecidos.
O ministro ucraniano da Defesa, Valery Geletey, indicou na noite de domingo que tropas russas estão sendo vistas em outras cidades da região, incluindo a maior delas, Donetsk.
"Uma grande guerra"
"Desde a Segunda Guerra Mundial, não se via na Europa uma grande guerra como a que chegou à nossa porta. Infelizmente, as perdas em uma guerra como esta não serão medidas em centenas, mas em milhares e dezenas de milhares" de vítimas, acrescentou Geletey nesta segunda.
O conflito armado no leste de Ucrânia já deixou cerca de 2.600 mortos desde meados de abril.
Os rebeldes fizeram cerca de 700 ucranianos prisioneiros nos últimos dias na região de Donetsk, disse Volodimir Ruban, autoridade ucraniana que negocia a troca de prisioneiros.
O primeiro-ministro polonês e próximo presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, advertiu para o risco de uma guerra "não apenas no leste da Ucrânia", ao lembrar nesta segunda o início da Segunda Guerra Mundial, há 75 anos, após a agressão da Alemanha nazista à Polônia.
O presidente alemão, Joachim Gauck, falou na Polônia, onde participa das comemorações, de "um novo conflito armado nos limites da Europa" e considerou que a Rússia "pôs fim de facto à sua cooperação" com a Europa.
Em torno de Donetsk, aumentam os sinais de retirada das forças do governo ucraniano, constatou a AFP.
Os insurgentes pró-russos recuperaram a iniciativa e parecem preparar uma grande ofensiva nas regiões separatistas, para as quais Putin sugeriu no domingo um status que dê a elas "categoria de Estado".
Neste contexto, o presidente americano, Barack Obama, viaja na quarta-feira (3/9) para a Estônia, ex-república soviética, com um objetivo: advertir Putin para qualquer tentação de atacar um país da Otan.
Obama vai depois, nos dias 4 e 5 de setembro, para a cúpula da Otan, no Reino Unido, onde está previsto um encontro com o presidente ucraniano.
Kiev, que reativou seu projeto de adesão à Aliança Atlântica, espera uma "ajuda prática" e "decisões cruciais" da Otan.
[SAIBAMAIS]A Comissão Europeia trabalha na elaboração de novas sanções contra a Rússia, após a cúpula extraordinária de sábado, em que a UE exigiu que a Rússia "retire suas forças militares" do território ucraniano no prazo de uma semana.
Mas Putin fez um apelo nesta segunda-feira (1/9) para que a UE tenha "senso comum" e evite entrar em uma espiral de sanções mútuas, em sua primeira reação à ameaça de novas medidas punitivas pela crise na Ucrânia.
A moeda russa registrou uma nova queda nesta segunda-feira (1/9), atingindo seu nível historicamente mais baixo frente ao dólar por causa da situação na Ucrânia, a 37,30 rublos por dólar.