Jornal Correio Braziliense

Mundo

Opositores invadem TV pública no Paquistão e aumenta crise política

A programação do canal de notícias PTV foi suspensa durante 30 minutos após a invasão dos manifestantes, armados com pedaços de pau

Islamabad - Centenas de manifestantes que exigem a queda do governo do Paquistão ocuparam por alguns instantes nesta segunda-feira a sede da televisão pública em Islamabad, intensificando a crise política no país. A programação do canal de notícias PTV, o principal do país, foi suspensa durante 30 minutos após a invasão dos manifestantes, armados com pedaços de pau.



"O comandante do exército pediu a Nawaz Sharif que renuncie. O exército deseja a formação de um governo de unidade nacional que inclua membros do PML-N", declarou Fawad Chaudhry, analista favorável ao exército, mas fontes do governo e o porta-voz do exército negara categoricamente os boatos. "Apesar de tudo, não há quase nenhum cenário provável no qual o primeiro-ministro possa sobreviver à crise atual", disse Mosharraf Zaidi, outro analista político. Para os comentaristas, o exército critica Nawaz Sharif por ter esperado muito até iniciar, em junho, uma operação militar contra os redutos talibãs no Waziristão do Norte, assim como sua tentativa de aproximação com a rival Índia e o processo por "alta traição" contra o general Pervez Musharraf, algo inédito na história paquistanesa.

Advertência do exército

Após uma reunião de emergência dos principais generais no domingo, o exército expressou apoio à democracia. "Além de reafirmar o apoio à democracia, a reunião examinou com grande preocupação a crise política existente", afirma um comunicado. "A situação deve ser resolvida politicamente sem o uso de meios violentos", completa a nota.

"O exército continua disposto a desempenhar seu papel como fiador da segurança do Estado e não poupará esforços no momento de cumprir as aspirações nacionais", destaca o comunicado em modo modo de advertência. O apoio ao governo e a advertência no comunicado refletem, segundo uma fonte do Executivo, diferentes pontos de vista na cúpula do exército.

"As instituições são muito mais fortes agora, desde o fim em 2008 do último governo militar no Paquistão", afirmou a fonte, que pediu anonimato. "Espero e rezo pela sobrevivência do sistema. Algumas perdas acontecerão, mas vai se recuperar", completou, em referência às importantes concessões que o governo terá que fazer ao exército, segundo os analistas políticos.