Assim como o movimento islâmico palestino Hamas, seus aliados da Jihad Islâmica garantiram não ter intenção de renunciar às armas, uma exigência primordial de Israel. "Mesmo durante a batalha, nunca paramos de produzir armas e redobraremos nossos esforços (...) com o objetivo de nos prepararmos para a próxima etapa, que será - esperamos - a batalha pela liberdade", afirmou o porta-voz desse grupo, Abu Hamza, enquanto milhares de combatentes participavam de uma parada militar em Gaza.
Os milicianos desfilaram de uniforme militar e fuzis, assim como com todo tipo de foguetes, incluindo os lançados contra Israel durante os 50 dias de conflito. "Confirmamos a santidade das armas de resistência, e nossa adesão a elas", acrescentou o porta-voz dessa organização de inspiração iraniana, segunda força de combatentes em Gaza atrás do Hamas.
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Na véspera, o chefe do Hamas, Khaled Meshal, deu declarações parecidas, de seu exílio em Doha. "As armas da resistência são sagradas. Não aceitaremos que estejam na agenda", declarou Meshal, referindo-se às negociações previstas entre palestinos para transformar em trégua duradoura o cessar-fogo firmado na última terça, 26 de agosto.
;Única via para a paz;
[SAIBAMAIS]Os combatentes palestinos receberam o apoio do Irã, um dos principais inimigos de Israel. O general Mohamad Ali Kharafi, chefe dos Guardiães da Revolução, prometeu reforçar a ajuda militar iraniana na Faixa de Gaza, mas também na Cisjordânia. A desmilitarização de Gaza é um imperativo para Israel. É "a única via para a paz", defendeu o ministério israelense das Relações Exteriores, citando o chanceler Avigdor Lieberman, em sua página institucional.
O assunto faz parte dos temas sensíveis que complicaram por várias semanas os esforços de negociação mediados pelo Egito. A Jihad Islâmica, que também participou dos combates e das negociações, disse nesta terça-feira que já perdeu 121 soldados. Depois de várias tréguas unilaterais, ou bilaterais abortadas, ambos os lados chegaram finalmente a um cessar-fogo ilimitado, pondo fim a 50 dias de guerra.
A ofensiva israelense matou 2.143 palestinos, enquanto os foguetes palestinos lançados de Gaza provocaram a morte de quatro civis em Israel. Além disso, 67 soldados israelenses também morreram.
Nesse terceiro dia de cessar-fogo, os moradores de Gaza aproveitaram a relativa normalidade no território, onde bairros inteiros foram reduzidos a ruínas pelas bombas em Shejaiya, Beit Hanun, ou Rafah.
Dezenas de crianças da cidade de Gaza brincavam na praia, sem temer novos bombardeios israelenses. Não muito longe, os pescadores se lançaram ao mar para aproveitar a extensão de sua zona de pesca - uma das poucas concessões feitas por Israel em troca do fim do disparo de projéteis contra seu território.
Em Hebron, na Cisjordânia, milhares de palestinos desfilaram após a reza de sexta-feira para celebrar "a vitória em Gaza". Eles levavam bandeiras do Hamas e réplicas de fuzis e foguetes, constatou a AFP.
Na Jordânia, o Parlamento saudou o cessar-fogo como "uma nova vitória da resistência" palestina e, nas ruas de Amã, cerca de 10 mil pessoas, convocadas pela Irmandade Muçulmana, festejaram a "vitória de Gaza".