Washignton - A resposta internacional à epidemia de Ebola no oeste da África está "perigosamente inadequada", disse a coordenadora de Emergência da organização Médicos sem Fronteiras (MSF), em declarações nesta quarta-feira em Serra Leoa. "A epidemia de Ebola está fora de controle há meses, mas a comunidade sanitária internacional demorou muito para agir", escreveu a enfermeira Anja Wolz em artigo publicado no "New England Journal of Medicine".
"A resposta internacional atual ao Ebola se mantém perigosamente inadequada", reforçou. O Ebola é um vírus altamente contagioso que causa vômitos, diarreia e hemorragia. A doença foi detectada pela primeira vez em 1976 e tem sido fatal em cerca da metade dos casos no oeste da África desde o começo do ano.
Mais de 1.400 pessoas em Serra Leoa, Guiné, Libéria e Nigéria morreram nesta que é a maior epidemia de Ebola da História, segundo o último balanço da Organização Mundial de Saúde (OMS). Serra Leoa já perdeu seu maior especialista em Ebola, e um epidemiologista senegalês que trabalhou no país foi levado de avião esta semana para a Alemanha, onde deu entrada em um hospital para ser tratado.
Trabalhadores sanitários correm um risco particular de infecção e, por isso, usam equipamento de proteção individual (EPI) para proteger a pele da exposição. Wolz descreveu o traje, que inclui "dois pares de luvas, duas máscaras e um avental pesado sobre macacões encorpados", como "insuportável" de usar por mais de 40 minutos em uma época de intenso calor.
Ela também escreveu sobre o medo que vê nos olhos dos pacientes, quando são encaminhados para uma barraca para casos confirmados de Ebola e como ela ajudou a cuidar de um menino de 6 anos e de sua irmã, de 3, cujos pais e avó morreram de Ebola. "São as crianças que mais sofrem", contou.
"Quando o menino morreu, nós tentamos consolar e acalmar a irmã, mas o EPI tornou difícil tocá-la, abraçá-la e até mesmo falar com ela. Ela morreu no dia seguinte", acrescentou.
Frustração e problemas
Wolz também mencionou a "triste frustração de ver pacientes chegando tarde demais e de saber que muitos doentes estão se escondendo, temendo os efeitos de um diagnóstico dessa doença estigmatizada". Mas há momentos em que a equipe pode comemorar, como quando um paciente recebeu cuidados e fluidos e conseguiu sobreviver à infecção, contou.
Um paciente que tem um exame de sangue negativo e fica três dias sem sintomas pode voltar para casa. "Dar alta para um paciente é o momento de maior felicidade para nós. Nós nos reunimos do lado de fora do centro, batemos palmas e dançamos, em uma celebração que nos motiva a prosseguir", continuou.
No entanto, esses momentos podem ser ofuscados pelo grande volume de novos pacientes. No dia em que ela escreveu seu relato, quatro pacientes tinham sido liberados, e oito pessoas haviam dado entrada. Os problemas principais com a resposta incluem a incapacidade de rastrear todas as pessoas que podem ter tido contato com um infectado.
Há registros de que o sistema de alerta, que deveria mandar uma equipe e uma ambulância para qualquer cidade com caso suspeito ou óbito, "não está funcionando adequadamente", acrescentou. Além disso, o Ministério da Saúde tem apenas quatro ambulâncias em um distrito com 470.000 pessoas.
"Todos os dias, há mortes na comunidade que certamente foram causadas pelo Ebola, mas elas não são contabilizadas pelo Ministério da Saúde porque a causa não foi confirmada por exames de laboratório", explicou, descrevendo o sistema de vigilância como "não funcional". Profissionais de saúde dizem precisar de um entendimento sólido sobre a cadeia de transmissão, a fim de impedir a disseminação do vírus.
"O tempo que passei em Kailahun foi frustrante e decepcionante porque eu sei, com base nas epidemias anteriores, o que é preciso para controlar essa", desabafou. "Precisamos estar um passo adiante dessa epidemia, mas agora estamos cinco passos atrás", concluiu.
"A resposta internacional atual ao Ebola se mantém perigosamente inadequada", reforçou. O Ebola é um vírus altamente contagioso que causa vômitos, diarreia e hemorragia. A doença foi detectada pela primeira vez em 1976 e tem sido fatal em cerca da metade dos casos no oeste da África desde o começo do ano.
Mais de 1.400 pessoas em Serra Leoa, Guiné, Libéria e Nigéria morreram nesta que é a maior epidemia de Ebola da História, segundo o último balanço da Organização Mundial de Saúde (OMS). Serra Leoa já perdeu seu maior especialista em Ebola, e um epidemiologista senegalês que trabalhou no país foi levado de avião esta semana para a Alemanha, onde deu entrada em um hospital para ser tratado.
Trabalhadores sanitários correm um risco particular de infecção e, por isso, usam equipamento de proteção individual (EPI) para proteger a pele da exposição. Wolz descreveu o traje, que inclui "dois pares de luvas, duas máscaras e um avental pesado sobre macacões encorpados", como "insuportável" de usar por mais de 40 minutos em uma época de intenso calor.
Ela também escreveu sobre o medo que vê nos olhos dos pacientes, quando são encaminhados para uma barraca para casos confirmados de Ebola e como ela ajudou a cuidar de um menino de 6 anos e de sua irmã, de 3, cujos pais e avó morreram de Ebola. "São as crianças que mais sofrem", contou.
"Quando o menino morreu, nós tentamos consolar e acalmar a irmã, mas o EPI tornou difícil tocá-la, abraçá-la e até mesmo falar com ela. Ela morreu no dia seguinte", acrescentou.
Frustração e problemas
Wolz também mencionou a "triste frustração de ver pacientes chegando tarde demais e de saber que muitos doentes estão se escondendo, temendo os efeitos de um diagnóstico dessa doença estigmatizada". Mas há momentos em que a equipe pode comemorar, como quando um paciente recebeu cuidados e fluidos e conseguiu sobreviver à infecção, contou.
Um paciente que tem um exame de sangue negativo e fica três dias sem sintomas pode voltar para casa. "Dar alta para um paciente é o momento de maior felicidade para nós. Nós nos reunimos do lado de fora do centro, batemos palmas e dançamos, em uma celebração que nos motiva a prosseguir", continuou.
No entanto, esses momentos podem ser ofuscados pelo grande volume de novos pacientes. No dia em que ela escreveu seu relato, quatro pacientes tinham sido liberados, e oito pessoas haviam dado entrada. Os problemas principais com a resposta incluem a incapacidade de rastrear todas as pessoas que podem ter tido contato com um infectado.
Há registros de que o sistema de alerta, que deveria mandar uma equipe e uma ambulância para qualquer cidade com caso suspeito ou óbito, "não está funcionando adequadamente", acrescentou. Além disso, o Ministério da Saúde tem apenas quatro ambulâncias em um distrito com 470.000 pessoas.
"Todos os dias, há mortes na comunidade que certamente foram causadas pelo Ebola, mas elas não são contabilizadas pelo Ministério da Saúde porque a causa não foi confirmada por exames de laboratório", explicou, descrevendo o sistema de vigilância como "não funcional". Profissionais de saúde dizem precisar de um entendimento sólido sobre a cadeia de transmissão, a fim de impedir a disseminação do vírus.
"O tempo que passei em Kailahun foi frustrante e decepcionante porque eu sei, com base nas epidemias anteriores, o que é preciso para controlar essa", desabafou. "Precisamos estar um passo adiante dessa epidemia, mas agora estamos cinco passos atrás", concluiu.