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Merkel defende integridade territorial da Ucrânia durante visita a Kiev

'Não podemos descartar refletir sobre novas sanções se não observarmos progressos', disse Merkel sobre a busca de uma saída para crise no leste do país



Ao ser questionada sobre a Crimeia, península ucraniana anexada pela Rússia em março, Merkel chamou a medida de "ilegal" e destacou que se a Europa considerasse as ações legítimas, toda a integridade territorial do continente estaria ameaçada.

A visita acontece em meio às condenações internacionais à entrada na Ucrânia de um comboio de quase 300 caminhões russos com ajuda humanitária para a população do reduto separatista de Lugansk.

Todos os caminhões do comboio humanitário russo com ajuda para os territórios controlados pelos separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia retornaram para a Rússia neste sábado, anunciou a Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE).

Depois de uma semana de espera, Moscou ordenou na sexta-feira a entrada na Ucrânia do comboio com a ajuda humanitária, sem a permissão das autoridades ucranianas nem a verificação do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV).

Segundo os observadores da OSCE, 227 veículos atravessaram a fronteira em seis grupos.

O comboio transportava, segundo o Kremlin, 1.800 toneladas de alimentos, água, medicamentos e geradores de energia elétrica.

Os veículos descarregaram a ajuda em Lugansk na sexta-feira à noite, informou a televisão pública, mas a distribuição ainda não teve início.

Paz com respeito à soberania

"A visita de Angela Merkel a Kiev na véspera do Dia da Independência ucraniana e durante o conflito armado no qual a Rússia está envolvida é um sinal de apoio", afirma Vassyl Filiptchuk, analista político independente.

Para alguns analistas, Merkel deseja convencer a Ucrânia a fazer concessões para ajudar Vladimir Putin a salvar as aparências e evitar mais sanções contra Moscou, que começam a pesar sobre a economia alemã.

A visita antecede uma reunião regional na terça-feira em Minsk, capital de Belarus, que deve ter as presenças de Vladimir Putin e Petro Poroshenko, além de dirigentes da União Europeia.

"Ucrânia e União Europeia atuam de maneira coordenada, assim será em 26 de agosto em Minsk", disse Poroshenko.

O presidente ucraniano declarou que não sacrificará a soberania do país em troca da paz no leste da Ucrânia, onde o conflito deixou mais de 2.000 mortos em quatro meses, além de 400.000 deslocados.

Merkel e Poroshenko anunciaram a criação em breve de um fundo especial de 500 milhões de euros para a reconstrução da infraestrutura de Donbas, a bacia de mineração do leste da Ucrânia devastada pelo conflito entre insurgentes pró-Rússia e as forças governamentais.

Seis civis mortos em Donetsk

Seis civis, incluindo três membros da mesma família, morreram neste sábado em um bombardeio no leste da cidade ucraniana de Donetsk, reduto dos separatistas pró-russos.

Nesta cidade que contava com um milhão de habitantes antes do conflito, os barulhos das bombas não pararam durante todo o dia. Durante a tarde, os combates eram intensos e uma fumaça negra e espessa podia ser vista sobre o bairro de Kalininski, no leste da cidade.

Vários morteiros atingiram um conjunto residencial nessa área.