Jornal Correio Braziliense

Mundo

Israelenses e palestinos retomam negociações reiterando suas exigências

Um fracasso das negociações não significaria, necessariamente, uma retomada imediata das hostilidades, que fizeram ao menos 1.980 palestinos mortos

Gaza - As difíceis negociações para manter um cessar-fogo precário observado na Faixa de Gaza foram retomadas neste domingo no Cairo entre israelenses e palestinos, com ambos os lados se mostrando firmes em suas exigências.

"Nós aceitaremos um acordo sobre um cessar-fogo apenas se houver uma resposta concreta às nossas necessidades de segurança", afirmou o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu na abertura do conselho ministerial israelense.

"Para obter a segurança, é preciso, antes de tudo, levantar o bloqueio" ao enclave palestino, respondeu Sami Abu Zurhi, porta-voz do Hamas.

As negociações foram retomadas no Cairo após três dias de interrupção sem alguns dos representantes do Hamas e da Jihad Islâmica vindos de Gaza e que devem chegar no Cairo à noite, de acordo com Sami Abu Zuhri.

A grande incerteza incide sobre a capacidade dos delegados palestinos, incluindo o Hamas que controla Gaza, e israelenses em chegar a um acordo sobre o levantamento do bloqueio israelense e a desmilitarização da Faixa de Gaza, enquanto um cessar-fogo estabelecido em 11 de agosto e estendido quinta-feira por cinco dias expira segunda-feira à meia-noite (18h00 no horário de Brasília).

Cessar-fogo unilateral ?

Israel decidiu sábado à noite rejeitar formalmente uma proposta de cessar-fogo permanente, tal qual apresentada pelo Egito, informou Maariv, um os principais jornais israelenses, citando fontes do governo.

Enquanto intensas consultas internas ainda estavam em curso em ambos os lados, autoridades do Hamas expressaram sua intransigência.

"Eles (os combatentes palestinos) que venceram nas fronteiras de Gaza (...) não aceitarão quaisquer condições do ocupante", escreveu em seu Facebook Mussa Abu Marzuk, número dois do gabinete político do Hamas.

Do lado israelense, o ministro da Inteligência Yuval Steinitz considerou irrealistas as exigências do Hamas nesta fase das negociações.

"Não podemos começar a discutir um porto ou aeroporto em Gaza, o que abriria um ;duty free; para os foguetes sem resolver a questão da desmilitarização", declarou Steinitz, que também é membro do gabinete de segurança.

Um fracasso das negociações não significaria, necessariamente, uma retomada imediata das hostilidades, que fizeram ao menos 1.980 palestinos mortos, em sua maioria civis, e 67 vítimas israelenses, incluindo três civis.

Um cessar-fogo unilateral "seria uma boa solução, se observarmos em termos de segurança, mas o acordo proposto não é satisfatório, o que ameaça diretamente a nossa segurança", declarou o ministro Gilad Erdan, membro do gabinete de segurança, à rádio pública israelense.

A ideia de um fim dos combates sem cessar-fogo tem sido discutida há dias.

A falta de acordo deixaria os dois campos contabilizar seus ganhos e perdas. Israel afirma ter reduzido significativamente as capacidades militares do Hamas, mas tem sido muito criticado externamente pelo grande número de vítimas civis.

Virada política do Hamas

Já o Hamas, afirma ter resistido militarmente ao mais poderoso exército da região. No entanto, espera-se do movimento uma virada política.

O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, afirmou no sábado que uma conferência internacional de doadores para o Estado palestino se reunirá no início de setembro no Egito, para analisar um "plano de reconstrução" de Gaza.

Leia mais notícias em Mundo

Na sede do serviço de inteligência do Cairo, onde ocorrem as negociações indiretas, os egípcios fazem o papel de mediador entre as delegações israelense e palestina que, além do Hamas e da Jihad Islâmica, também inclui o Fatah do presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas.

De acordo com um documento consultado pela AFP, os egípcios propõem um cessar-fogo permanente e exigem novas negociações dentro de um mês.