Martha;s Vineyard - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu nesta quinta-feira calma e cautela à polícia depois da violência na cidade de Ferguson (Missouri, centro), onde um policial branco matou um jovem negro. A pequena cidade viveu na quarta-feira sua quinta noite de protestos pela morte de Michael Brown, de 18 anos, em um episódio que trouxe de volta à tona o sensível debate sobre racismo nos Estados Unidos.
Na quarta-feira, a polícia chegou a prender dois jornalistas - Wesley Lowery, repórter de política do jornal "The Washington Post", e Ryan Reilly, que trabalha para o "Huffington Post" -, mas ambos foram postos em liberdade sem acusações contra eles. A medida causou mal-estar e protesto por parte da imprensa americana. A tensão aumentou no último domingo, 10 de agosto, depois de uma cerimônia em memória do jovem, morto em circunstâncias ainda não esclarecidas.
As versões sobre a morte divergem. De acordo com uma testemunha, Brown estava desarmado e caminhava pela rua quando um policial atirou nele, apesar de a vítima estar dominada, com as mãos para o alto. Já a Polícia de St. Louis, capital do Missouri, indica que Brown foi morto depois de ter agredido o policial e de ter tentado roubar sua arma.
;Morte absurda;
O chefe da Polícia municipal, Tom Jackson, relatou que o oficial responsável pelos disparos contra Michael havia sido ferido no rosto, mas não deu detalhes. Por razões de segurança, a Polícia, que diz ter sido ameaçada, não quis divulgar o nome do autor dos disparos. Segundo a imprensa, o indivíduo está na corporação há seis anos.
Desde esse dia, a comunidade negra vem se mobilizando e as manifestações se repetem na cidade. Dos cerca de 20 mil habitantes, pelo menos 14 mil são de origem afro-americana, enquanto a polícia é de maioria branca. Na terça-feira, Obama já havia pedido calma e diálogo, lembrando que o FBI (a Polícia Federal americana) abriu uma investigação sobre o caso, em paralelo à da polícia local, para esclarecer o caso.
A morte de Brown "é, de novo, a morte absurda de uma pessoa de cor", declarou o advogado da família do jovem, Benjamin Crump. Crump lembrou de outro caso similar, ocorrido em 2012 no estado da Flórida, onde o adolescente negro Trayvon Martin foi morto pelo vigilante voluntário George Zimmerman. Em uma polêmica sentença, um júri absolveu Zimmerman, invocando uma polêmica lei da Flórida e considerando que o réu atirou em legítima defesa.