Altas autoridades pareceram agir com o conhecimento do crime que iriam praticar. Dois generais do Ministério do Interior disseram à agência Associated Press que autoridades de segurança de alta patente alertaram suas forças para escalarem rapidamente e que não se preocupassem em responder pelos seus atos. Um dos generais detalhou os passos dados pelo ministério para impedir a investigação forense na cena do crime, incluindo a mistura de munições de vários locais e o acobertamento dos registros de liberação de munição. As ruas em torno da Praça Rabaa foram repavimentadas e os prédios danificados reconstruídos, numa tentativa aparente de encorajar o esquecimento do que aconteceu ali.
Quais foram as conclusões mais intrigantes do relatório?
O governo egípcio foi rápido em destacar que houve alguma violência entre os manifestantes, mas isso não justifica a matança. À margem da manifestação, alguns jovens lançaram coquetéis molotov contra as forças de segurança e, em poucos casos, usaram armas. A polícia encontrou 15 pistolas entre dezenas de milhares de manifestantes, e o número de mortos entre agentes, de acordo com a Autoridade Médica Forense do governo, chegava a oito.
O saldo desproporcional de mortos sugere algo profundamente errado, especialmente levando-se em conta que o direito internacional autoriza o uso de força letal somente se for necessário e em caso de ameaça letal iminente. Longe de se esconder com medo da violência, a polícia permaneceu nos telhados e em carros blindados, enquanto disparava e avançava sobre os manifestantes. Testemunhas incontáveis, incluindo moradores e jornalistas independentes, descreveram um esforço concentrado para neutralizar um punhado de manifestantes armados. As forças de segurança indiscriminadamente ceifaram os ativistas da Praça Rabaa.