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Ucrânia teme intervenção russa sob pretexto de operação humanitária

A situação é cada vez mais complicada para os civis, depois de quatro meses de um conflito que deixou mais de 1.300 mortos e 300.000 pessoas deslocadas, refugiadas na Rússia ou em outras zonas da Ucrânia


Donetsk - A Ucrânia teme uma intervenção russa sob o pretexto de uma operação humanitária no leste de seu território, onde os combates com os rebeldes pró-russos deixaram mais 13 soldados ucranianos mortos. Os Estados Unidos já advertiram que qualquer ajuda de emergência deve ser distribuída por organizações humanitárias e que considerará "uma invasão" qualquer tipo de intervenção unilateral da Rússia na Ucrânia.

Os combates se intensificaram nos últimos dias. Donetsk, que tinha um milhão de habitantes antes do conflito, amanheceu neste sábado ao som de explosões e disparos. A prefeitura indicou que um morteiro caiu em um prédio da cidade, matando um civil. A situação é cada vez mais complicada para os civis, depois de quatro meses de um conflito que deixou mais de 1.300 mortos e 300.000 pessoas deslocadas, refugiadas na Rússia ou em outras zonas da Ucrânia.

Sanções contra sanções

Enquanto o Exército ucraniano procura libertar as cidades controladas pelos insurgentes pró-russos, Kiev anunciou na sexta-feira novas sanções contra a Rússia. Os russos optaram na quinta-feira por responder às sanções impostas pelos Estados Unidos e pela União Europeia após o incidente com o avião da Malaysia Airlines.

O primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, anunciou sanções de seu país contra 172 pessoas e 65 empresas, principalmente russas, acusando-as de terem apoiado a anexação da Crimeia ou de terem financiado a rebelião pró-russa no leste da Ucrânia.

Yatseniuk não revelou a lista das pessoas e empresas punidas. Ela deverá ser aprovada pelo Conselho de Segurança e Defesa e adotada pelo Parlamento na terça-feira. Entre as possíveis sanções, estão a proibição de entrar no país e o congelamento de ativos. O presidente também mencionou a possibilidade de proibição da entrada de recursos naturais, no momento em que cerca da metade do gás consumido na União Europeia passa por território russo.

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Além disso, a Austrália anunciou nesta sexta o reforço em breve de suas sanções contra Moscou. "Sejamos claros, a Rússia é o perseguidor (...) um grande país que tenta perseguir um pequeno país", declarou o premiê australiano, Tony Abbott. Na quinta-feira, a Rússia havia proibido durante um ano a importação de produtos agroalimentares europeus e americanos em resposta às sanções decretadas por Estados Unidos e UE contra Moscou, a quem consideram responsável pela crise na Ucrânia.

Negócios à parte

Apesar do recente ciclo de sanções recíprocas motivadas pela situação na Ucrânia, o presidente russo Vladimir Putin pediu neste sábado uma maior cooperação econômica com o Ocidente em nome do ;bom senso;, ao lançar um projeto de exploração petroleira russo-americano no Ártico.

A americana ExxonMobil e a estatal russa Rosneft iniciaram a exploração de uma área no Mar de Kara, norte da Sibéria, prevista para durar até o final de outubro. "Nós parabenizamos este projeto e estamos dispostos a estender nossa cooperação com nossos sócios", declarou Putin, que falou por videoconferência em Sotchi (sul da Rússia). "As empresas, incluindo as principais firmas russas e estrangeiras, compreendem muito bem a necessidade desta cooperação. O pragmatismo e o sentido comum prevalecem, apesar das dificuldades do contexto político atual, e isso é muito satisfatório", acrescentou.

O projeto de exploração russo-americano no Ártico não foi afetado, segundo as autoridades russas, pelas recentes sanções ocidentais que proíbem, entre outras coisas, a exportação de armas e de alguns materiais como equipamento petroleiro para a Rússia.