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Exército ucraniano aumenta cerco aos rebeldes e pede a civis que fujam

O Estado-Maior ucraniano pediu aos separatistas em Donetsk que observem um cessar-fogo em certas artérias para permitir a saída de civis da cidade

As forças ucranianas apertaram nesta segunda-feira (5/8) o cerco a Donetsk, principal reduto dos separatistas pró-Rússia do leste do país, e pediram à população civil que abandone a região.

"Pedimos que a população pacífica abandone as zonas ocupadas pelos terroristas", que "estão saqueando a população local, realizando sequestros e se apoderando de imóveis e veículos particulares", declarou o porta-voz militar ucraniano Andrii Lysenko.

O Estado-Maior ucraniano pediu aos separatistas em Donetsk que observem um cessar-fogo em certas artérias para permitir a saída de civis da cidade.

[SAIBAMAIS]O Exército ucraniano, que afirma ter recuperado 645 localidades em cerca de quatro meses de ofensiva, afirma que está às portas de Donetsk após a queda de Iasynuvata, 20 km ao norte. Segundo a prefeitura, nesta segunda-feira ocorreram intensos combates em Mariinka, na periferia sudoeste de Donetsk.

"Donetsk e Lugansk são cidades-chave ocupadas atualmente pelos terroristas, nas quais se encontram a maior parte dos terroristas e das armas. Sabemos que não será fácil libertá-las, mas tenho 100% de certeza de que a vitória está muito próxima", declarou o ministro ucraniano da Defesa, Valeri Gueletei.

"Mas o mundo deve saber que a Rússia adota represálias. Nada os impede, somos alvos de tiros oito vezes ao dia a partir do território russo", denunciou Gueletei.

Civis em fuga

Donetsk está praticamente em estado de sítio. A prefeitura informou durante a madrugada desta segunda-fera que tiros de artilharia foram ouvidos, o que provocou um movimento de fuga de civis.

O Estado-Maior pediu aos separatistas que respeitassem um cessar-fogo entre 10h e 14h para permitir a saída de civis. "Vamos embora porque é guerra", disse Igor na estação de Donetsk, ao lado da mãe e com vários pacotes, antes de embarcar com amigos em direção ao oeste do país.

Kiev afirma que sua estratégia é isolar os insurgentes em Donetsk e Lugansk, não atacar a cidade, ante o risco de combates particularmente mortíferos.

Em Lugansk, a prefeitura, que advertiu no fim de semana sobre uma possível catástrofe humanitária, afirmou ser incapaz de oferecer um novo balanço, pois a energia elétrica e a rede de telefonia foram cortadas.

A ONU calcula em mais de 1.100 o número de pessoas mortas desde o início da ofensiva ucraniana. O ministro da Defensa afirmou que as forças ucranianas recuperaram 645 localidades desde o início da ofensiva.

Moscou anunciou nesta segunda-feira que pelo menos 400 soldados ucranianos em missão no leste do país se renderam e foram admitidos em território russo. Mas um porta-voz ucraniano afirmou que os militares foram obrigados a seguir para um posto de fronteira russo em consequência dos combates.



Apesar dos confrontos, vários especialistas holandeses, australianos e, pela primeira vez, malaios, trabalhavam nesta segunda-feira no local da queda do voo MH17 e procuravam por corpos e objetos pessoais.

A tragédia, que deixou 298 mortos em 17 de julho, provocou novas tensões internacionais e mais sanções ocidentais. As forças ucranianas se comprometeram a não iniciar combates na área de destroços do avião da Malaysia Airlines, que está sob controle rebelde. Mas no restante do território separatista prossegue a ofensiva.

As sanções europeias contra a economia russa motivadas pela queda da aeronave atingiram, entre outros, a Dobrolet, a filial de baixo custo da Aeroflot, que voava para a península ucraniana da Crimeia (que a Rússia anexou em março). No domingo à noite a empresa anunciou os dois novos Boeing 737 permaneceriam no solo.

O governo alemão bloqueou um projeto de fornecimento de equipamento militar do grupo de defesa Rheinmetall para a Rússia, anunciou o ministério da Economia nesta segunda-feira, acrescentando esperar que os europeus também proíbam de maneira retroativa o fornecimento de armamento a Moscou.