Damasco - O presidente sírio Bashar al-Assad afirmou nesta quarta-feira (16/7) que os países ocidentais e árabes que apoiam a rebelião pagarão caro, durante a cerimônia de posse de mais um mandato de sete anos à frente do governo. Os países ocidentais acreditavam em uma queda rápida de Assad no início do conflito, mas o autocrata de 48 anos prestou juramento nesta quarta-feira sobre o Alcorão durante uma imponente cerimônia no palácio presidencial diante dos deputados reunidos em sessão extraordinária, além de outros mil convidados.
Para os analistas, o avanço dos jihadistas representou um "presente" para Assad, que tenta há muito tempo apresentar os rebeldes como "terroristas" aos olhos dos ocidentais. No discurso, Assad também reservou palavras para a comunidade internacional. "Em breve nós veremos que os países árabes, regionais e ocidentais que apoiaram o terrorismo também pagarão muito caro".
A Síria tem como aliados internacionais a Rússia e o Irã, que forneceram armas e dinheiro. Além disso, Rússia e China usaram o poder de veto no Conselho de Segurança da ONU para evitar sanções contra Damasco. Assad também conta com o apoio dos experientes combatentes do Hezbollah xiita libanês, que ajudaram o exército sírio a ganhar terreno, enquanto os rebeldes travam uma batalha entre eles, o que já provocou mais de 6.000 mortes desde janeiro.
Além disso, a brutalidade dos combatentes do EI e sua expansão tanto na Síria como no Iraque chamam a atenção dos ocidentais. O juramento de Assad acontece em um momento explosivo em toda a região, com uma nova ofensiva israelense em Gaza, o Iraque muito fragilizado com o avanço jihadista e a Líbia refém da anarquia.
O novo líder da oposição síria, Hadi al-Bahra, considera Assad a "causa principal de instabilidade, e não a solução do conflicto". Para Lina Jatib, diretora do centro Carnegie em Beirute, a estratégia de Assad é ampliar o domínio ao redor das regiões sírias controladas pelo regime. "Isto quer dizer que a maioria das regiões estará sob controle do regime ou do Estado Islâmico. Uma equação conveniente a curto prazo ao regime", conclui.