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Israel se prepara para a guerra em mais um dia sangrento em Gaza

Bombardeios deste sábado já deixaram 30 mortos. Líderes mundiais pedem o cessa-fogo

Gaza - O território palestino de Gaza foi atingido neste sábado (12/7) por novos bombardeios com o objetivo de neutralizar o poder de fogo do Hamas, que continua a atacar Israel com foguetes, enquanto diplomatas estrangeiros se mobilizam para evitar uma operação terrestre israelense. Trinta pessoas morreram atingidas por disparos israelenses, incluindo dois sobrinhos do líder do Hamas na Faixa de Gaza, Ismail Haniyeh, de acordo com vizinhos que os identificaram como Nidal e Alaa Malach.

Entre as vítimas estão também duas mulheres atingidas por um ataque contra um abrigo. Horas depois do bombardeio, as equipes de emergência ainda encontravam pedaços de corpos.No total, 135 palestinos morreram e cerca de mil ficaram feridos desde o início da ofensiva "Barreira de Proteção".

De acordo com um registro estabelecido na manhã deste sábado pelo Exército israelense, a aviação atingiu "158 alvos associados ao Hamas" em 24 horas, incluindo 68 lança-foguetes, 21 bases paramilitares e depósitos de armas, incluindo um dentro de uma mesquita.O Exército israelense indicou ter "reduzido de forma significativa as capacidades do Hamas", movimento islamita que controla o enclave palestino.Apesar disso, os foguetes disparados pelos combatentes palestinos continuavam a cair em Israel neste sábado, após algumas horas de relativa calma.

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No início da noite, explosões foram ouvidas em Jerusalém, a cerca de 80 km de Gaza. Três projéteis foram abatidos na Cisjordânia ocupada, onde estão várias colônias israelenses. Uma casa foi atingida, mas não há registro de vítimas.

O Exército e a imprensa de Israel também indicaram que foguetes de Gaza haviam sido disparados durante a noite contra a capital econômica israelense, Tel Aviv. A tevê local exibiu imagens de bolas de fogo no céu, no momento em que os foguetes eram interceptados.

No total, 43 projéteis caíram em território israelense neste sábado. Desde terça-feira, cerca de 600 foguetes atingiram o Estado hebreu e por volta de 140 foram destruídos no ar pelo sistema de defesa "Iron Dome" (Cúpula de Ferro). Esses disparos deixaram cerca de dez feridos.

As próximas etapas

Este conflito é o mais violento desde a operação "Pilar de Defesa", em novembro de 2012, que já tinha como objetivo acabar com os disparos a partir de Gaza, deixando 177 palestinos e seis israelenses mortos. A nova espiral de violência foi desencadeada após o sequestro e morte de três estudantes israelenses na Cisjordânia, atribuídos por Israel ao Hamas. Pouco depois, um jovem palestino morreu queimado vivo por extremistas judeus em Jerusalém.

Em um sinal de que uma intervenção terrestre pode ser iminente, dezenas de tanques israelenses chegaram a colônias nas imediações da Faixa de Gaza transportados em caminhões durante a noite e a manhã, de acordo com jornalistas da AFP. Mais de 30.000 reservistas estão preparados para atacar. "Nós estamos preparando as próximas etapas da operação, para que as forças estejam prontas para entrar em ação," declarou neste sábado o porta-voz do Exército, general Almoz Moti.

Neste sábado, um veículo do Exército foi atingido por tiros ao longo do cinturão de segurança formado em Gaza. Não houve vítimas. Na sexta-feira, dois soldados tinham ficado feridos por um míssil antitanque, em um ataque que ilustra os riscos de uma operação terrestre.

Movimentações diplomáticas

Na frente diplomática, o ministro britânico das Relações Exteriores, William Hague, anunciou que abordaria um cessar-fogo com seus colegas americano, francês e alemão à margem de uma reunião sobre a questão nuclear iraniana, domingo em Viena.

Ele disse ter "insistido na necessidade de uma redução imediata da tensão e da retomada do cessar-fogo instaurado em novembro de 2012" depois de negociações entre o chanceler israelense, Avigdor Lieberman, e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas.

O Conselho de Segurança da ONU pediu novamente neste sábado o fim dos confrontos a Israel e ao Hamas e que ambos respeitem o direito internacional, em particular "sobre a proteção de civis". Uma reunião ministerial da Liga Árabe está prevista para segunda-feira no Cairo para discutir a situação em Gaza, e Tony Blair, emissário do Quarteto para o Oriente Médio, viajou neste sábado para a capital egípcia.

Na noite de sexta, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou, entretanto, que seu país não vai ceder às pressões internacionais, mesmo que o presidente americano, Barack Obama, tenha oferecido a sua mediação. O presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, também alertou neste sábado para a escalada do conflito, depois de o Egito ter reconhecido na sexta que os esforços de mediação esbarrariam na intransigência dos protagonistas. Em Gaza, as ruas estavam quase desertas, a não ser pelos funerais realizados sob um sol escaldante.

Várias ONGs alertaram para o agravamento da situação humanitária, com a Oxfam indicando que os ataques haviam afetado o fornecimento de água para mais de 100 mil pessoas.