O governo alemão anunciou na quinta-feira a expulsão do chefe dos serviços secretos americanos na Alemanha, após a descoberta desses dois supostos espiões, uma decisão incomum entre aliados da Otan. Os analistas concordam que a crise é grave, embora seja provável que ambas as partes se esforcem para preservar este vínculo transatlântico de suma importância, principalmente no contexto atual de muitas crises internacionais.
Em Berlim, o tom era conciliador. Martin Schafer, porta-voz de Steinmeier, rejeitou o termo "escalada". O porta-voz de Merkel, Steffen Seibert, afirmou que as tensões não afetam as negociações em andamento sobre um tratado de livre comércio entre Europa e Estados Unidos.
"Não houve telefonema algum da chanceler (Angela Merkel) para Washington e não há nada programado até o momento, mas vocês sabem que a chanceler e o presidente americano mantêm boas relações", afirmou o porta-voz da chefe do governo alemão.
Em Washington, o presidente Barack Obama permaneceu em silêncio, mas a Casa Branca ressaltou na quinta-feira a importância das relações com a Alemanha, evitando comentar os casos de espionagem.
Merkel ;não é o cachorrinho de Obama;
A imprensa alemã, que apoia em uníssono Merkel, adotava um tom menos diplomático. "Este é um momento decisivo na história das relações germano-americanas", considerou o jornal de centro-esquerda Süddeutsche Zeitung, em referência à expulsão do chefe dos serviços secretos dos Estados Unidos. Trata-se de "um ato de protesto sem precedentes contra a arrogância dos Estados Unidos", acrescentou.
"Merkel não é o cachorrinho de Obama. A mensagem que (Merkel) enviou foi clara e indispensável", considerou o jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung. "A crise atual é muito grande", declarou à AFP Henning Riecke, especialista em relações transatlânticas do Conselho Alemão de Política Externa (DGAP), um grupo de estudos com sede em Berlim.
"Os alemães não entendem por que os Estados Unidos espionam (um aliado) para defender seus interesses", disse.